O Conselho de Segurança da ONU vai debater pela primeira vez, no dia 17 de abril, as mudanças no clima do planeta, depois da campanha britânica para colocar o assunto na pauta do órgão, responsável originalmente pelas questões de guerra e paz.
"Os elementos tradicionais que deflagram conflitos provavelmente serão exacerbados pelos efeitos das alterações no clima", disse o embaixador da Grã-Bretanha na ONU, Emyr Jones Parry, numa entrevista coletiva na quarta-feira, em que detalhou a agenda do Conselho de Segurança no mês de abril.
A Grã-Bretanha, que atualmente ocupa a presidência rotativa do conselho, considera a questão do clima tão importante para a segurança global que sua secretária das Relações Exteriores, Margaret Beckett, presidirá os debates.
O costume dos 15 integrantes do Conselho de Segurança é que os embaixadores participem dos debates, embora os ministros e chefes de Estado tenham o direito de falar ao conselho quando se trata de questões importantes.
A Grã-Bretanha convidou os outros países a também enviarem ministros para o debate, disse Jones Parry.
O país havia anunciado em março sua intenção de levar o assunto ao Conselho de Segurança, mas precisava da concordância dos outros membros. A China e a Rússia, que têm poder de veto, manifestaram alguma contrariedade, afirmaram fontes diplomáticas dos dois países. Mas os Estados Unidos, que se recusaram a aderir ao Protocolo de Kyoto, não se opuseram.
Tendo à frente o premiê Tony Blair e Becket, que já foi secretária do Meio Ambiente, a Grã-Bretanha assumiu uma posição de liderança no combate ao aquecimento global em outros fóruns internacionais, como a União Européia.
Já prevendo que alguns membros da ONU argumentarão que a questão do clima deve ficar restrita à Assembléia Geral e às agências envolvidas com o meio ambiente, a Grã-Bretanha circulou um estudo afirmando que as alterações no clima podem provocar novas guerras, mexer nas fronteiras, atrapalhar o fornecimento de energia e obrigar às migrações em massa.
O trabalho afirma que a elevação do nível do mar pode fazer com que até 200 milhões de pessoas tenham de sair de suas casas até 2050.