Depois de se reunir com representantes da Infraero e das companhias áreas que operam para o Chile, o cônsul Horacio Del Valle prometeu tomar providências para auxiliar os turistas chilenos no Rio ainda nesta terça-feira (2). Desde sábado (27), cerca de 150 pessoas dormem no saguão do Aeroporto Tom Jobim, na Ilha do Governador, na esperança de conseguir retornar a seu país.
Entre as ações do consulado estão a permanência de um chanceler chileno no aeroporto e o cadastro de passageiros para que possam receber descontos negociados em hotéis, pensões e albergues, ou se hospedar na casa de cariocas voluntários.
"Nesse momento podemos contar e muito com a solidariedade do carioca. Muitas pessoas nos telefonaram colocando suas casas à disposição e recebemos uma doação de R$ 6 mil, que deveremos usar para a alimentação", disse Horacio Del Valle.
Mil chilenos
Segundo Horacio, hoje há cerca de 1500 chilenos no Rio, mas muitos continuam hospedados. Desde sábado, afirmou ele, todos os dias o consulado atende cerca de 90 pessoas em seu escritório e outras 300 por telefone para dar notícias sobre a tragédia e seus desdobramentos.
Em encontro com os passageiros, ele afirmou que há informações de que as operações no aeroporto de Santiago devem se normalizar até a próxima quarta-feira (3), e que, segundo as companhias aéreas, tão logo o terminal seja reaberto, haverá voos extras para a capital chilena. O embarque ser feito em ordem de voo, do mais antigo para o mais recente.
Ainda de acordo com Horacio, os aeroportos que poderiam funcionar como alternativa, um no norte do Chile, e outro em Mendonza, na Argentina, só decolam aviões de porte pequeno e já operam acima de sua capacidade.
Protesto
Acampados no Tom Jobim, chilenos que tentam voltar pra casa fizeram um protesto na manhã desta terça-feira (2) no saguão. Com uma bandeira do país e cartazes, eles pediam ajuda à companhia aérea Lan Chile, ao presidente Lula e ao presidente eleito no Chile, Sebastián Piñera.
Nesta manhã, um voo da empresa, que estava marcado para 8h30 foi cancelado.
Segundo a companhia, também nesta manhã, 120 passageiros que deveriam ter embarcado para Santiago no último sábado (27), dia do terremoto, foram num avião da TAM para São Paulo, onde seguiram pro Chile com outros 100 passageiros que já aguardavam no aeroporto de Guarulhos.
Não temos alternativa, reclama chileno
"É muito caro ficar num hotel e ter que se deslocar de táxi pra cá todos os dias. Então, decidimos ficar no aeroporto, porque as pessoas que embarcaram foram as que estavam aqui", reclamou a advogada Paola Concha.
"Não temos alternativa. Conseguimos falar com a família e eles estão bem. Mas não está tudo bem. Minha casa foi parcialmente destruída, eu preciso ir pra lá. Meu país está destruído", completou Luís Gonzáles.
"Ninguém sabe de nada. A gente precisa ter paciência", resume Julian Zazzai, que aguarda desde segunda-feira (1º) com a mulher e duas filhas, sem esperança de um novo voo ainda nesta terça.
Cartazes
"Lan, temos fome", "Piñera, leve-nos pro Chile", "Lan mente" ou "Cadê o cônsul" são algumas das frases expostas nos cartazes pendurados sob uma bandeira chilena no saguão do aeroporto. No entorno dela, dezenas de pessoas improvisam camas e travesseiros à espera de uma solução.
A Lan Chile informou, via sua assessoria de imprensa, que auxílio com hotel e alimentação só são dados aos passageiros quando os problemas de atraso são frutos de questões internas da própria companhia.
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