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O cônsul brasileiro em Beirute, Michel Gepp, em entrevista por telefone à GloboNews, disse que está aguardando instruções de Brasília para retirar mais brasileiros do país. Ele disse que a operação de retirada é limitada, uma vez que o avião usado, a antiga aeronave presidencial conhecida como "Sucatão", só tem capacidade para cem pessoas.

Ele deu o exemplo da França e de outros países que estão utilizando barcos para levar cidadãos do litoral do Líbano para Chipre - a França retirou 1.250 pessoas de uma única vez. Os Estados Unidos fretaram um navio de cruzeiro e estão usando balsas também. Seriam necessários um navio ou então mais aviões, acrescentou o diplomata.

Ele não tem a confirmação de quando a nova operação de retirada será feita.

Outro problema, disse o cônsul, é a situação dos brasileiros que estão no Vale do Bekaa, pois não têm como ser transportados até Beirute, pois estradas e pontes estão destruídas. Motoristas de ônibus alugados se recusam a atravessar o vale, temendo ataques.

- Muita gente está ficando para trás - disse Gepp

Segundo ele, a operação de retirada está a cargo do Ministério das Relações Exteriores e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, com apoio do Ministério da Defesa.

O número de brasileiros mortos nos ataques israelenses no Líbano subiu para dez. A última vítima foi um homem de 60 anos. Outros três brasileiros morreram no bombardeio que vitimou o comerciante paulista Rodrigo Aiman na noite de segunda-feira. Mas eles ainda precisam ser identificados, já que não portavam documento de identidade no momento da explosão.

Oito do Rio de Janeiro

Dos 98 passageiros que vieram do Líbano em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), oito desembarcaram no Rio de Janeiro - quatro crianças e quatro adultos. O Boeing 707 chegou às 19h40 ao Posto do Correio Aéreo Nacional (CAN), na Base Aérea do Galeão, depois de cerca de 14 horas de vôo para deixar a área de conflito.

Dos oito passageiros, quatro eram libaneses e quatro brasileiros - entre os quais Fátima Mourão, esposa do cônsul adjunto Fernando Vidal. Ela chegou com a filha Bruna, de sete anos, e a babá, Vera, e destacou o trabalho de apoio do Ministério das Relações Exteriores. Ao lembrar a violência das incursões do exército israelense sobre a capital, disse ter visto caírem "as duas primeiras bombas no aeroporto, que fica próximo a nossa casa em Beirute".

Segundo ela, "foi uma noite inteira de bombardeio, os vidros e a casa tremiam, não dava para acreditar, parecia um filme". Fátima Mourão ainda lamentou a destruição causada pelas bombas: "Uma pena, porque o país é maravilhoso, acolhedor e bonito".

Outra passageira, Cristina Ligneul, de 56 anos, que trabalhava na casa de uma família ligada ao consulado brasileiro no Líbano, também lamentou:

- Beirute estava belíssima depois da reconstrução e agora estão destruindo tudo.

Para ela, "é um alívio estar de volta, pois escutar as bombas estourando é impressionante, e muito triste".

O avião da FAB trouxe ainda a esposa do cônsul do Líbano no Brasil, Danya Daher, e os três filhos do casal. Antes de chegar ao Rio de Janeiro, a aeronave havia deixado em São Paulo 81 brasileiros, quatro libaneses e cinco argentinos.

A maioria dos brasileiros que vivem no Líbano é descedente de libaneses que moram ou moraram no Brasil, disse o cônsul Michel Gepp.

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