A Coréia do Norte anunciou nesta terça-feira (26) a suspensão do processo de desativação de suas instalações nucleares, possivelmente com a reabertura do reator nuclear de Yongbyon, capaz de produzir material para armas nucleares.
O regime comunista acusou os EUA de estarem violando um acordo de desarmamento. "Decidimos suspender imediatamente a desativação das nossas instalações nucleares", disse uma fonte da chancelaria norte-coreana à agência estatal de notícias KCNA. "Esta medida entrou em vigor em 14 de agosto, e as partes envolvidas foram notificadas."
Analistas dizem que não se surpreenderam com a decisão, já que a posse de armas nucleares é a única cartada da Coréia do Norte em suas negociações com o resto do mundo. "A Coréia do Norte está tentando se livrar e adiar ao máximo o desarmamento", disse Lee Dong-bok, pesquisador-sênior do instituto CSIS, em Seul. "Ao mesmo tempo, trata-se de um último esforço para tentar de alguma forma influenciar a política presidencial (eleição) dos EUA."
O anúncio da KCNA coincide com o início da convenção do Partido Democrata dos EUA, que oficializará Barack Obama como seu candidato. Ocorre também no momento em que o presidente da China, Hu Jintao, maior aliado de Pyongyang, deixou Seul, após dois dias de conversar com o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak. Lee tomou posse neste ano com a promessa de endurecer as relações com a Coréia do Norte caso Pyongyang mantivesse sua relutância em abrir mão das armas nucleares. "Acho que o momento da visita de Hu Jintao à Coréia do Sul foi muito deprimente para os norte-coreanos", disse Lee, do CSIS.
Um acordo multilateral previa a desativação de partes estratégicas do programa nuclear norte-coreano e um rígido programa de inspeções, em troca de benefícios econômicos e políticos para o país. Os EUA deixaram claro que não vão retirar Pyongyang da lista de países patrocinadores do terrorismo enquanto isso não acontecer. "Vejo isso como mais uma cartada na mesa de negociação, para pedir aos EUA que lhe retirem da lista-negra do terrorismo assim que possível", disse Koh Yu-hwan, professor de estudos norte-coreanos na Universidade Dongguk, em Seul.
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