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A Coréia do Norte se comprometeu nesta segunda-feira a abandonar todos os seus programas de armas nucleares e a retornar, o mais rapidamente possível, ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), informou a agência de notícias Xinhua. Analistas céticos sobre a decisão do país comunista disseram que o acordo selado após uma semana de negociações na capital chinesa é cheio de palavras e pobre em ações. O presidente dos EUA, George W. Bush, deu as boas-vindas ao acordo nuclear, mas manteve-se com certa cautela, afirmando que deve haver um sistema que possa verificar a obediência de Pyongyang dos termos acertados.

- Agora há um caminho pela frente e parte do caminho pela frente é que os norte-coreanos entendam que estamos encarando isso com seriedade e que esperamos que haja um processo verificável - disse o líder de Washington.

Em comunicado conjunto, no fim da quarta rodada de negociações multilaterais em Pequim, os Estados Unidos confirmaram que não possuem armas nucleares na Península Coreana e não têm nenhuma intenção de atacar ou invadir a Coréia do Norte com armamento convencional ou nuclear. O documento conjunto é o avanço mais significativo do diálogo no qual participam, há dois anos, China, Rússia, Japão, EUA e as duas Coréias.

- Em nome da paz e da estabilidade na Península Coreana e o norte da Ásia em geral, as seis partes adotaram este texto, pelo qual os Estados Unidos e a Coréia do Norte se comprometem a respeitar a soberania mútua e coexistir pacificamente - afirmou Wu Dawei, vice-ministro das Relações Exteriores da China e anfitrião do encontro.

Além disso, Pyongyang e Tóquio confirmaram sua decisão de avançar em direção à normalização de suas relações, de acordo com a Declaração de Pyongyang, e à resolução de "questões pendentes", acrescentou a agência Xinhua.

No documento, China, Japão, Coréia do Sul, Rússia e EUA expressaram sua intenção de prestar ajuda energética à Coréia do Norte com petróleo e eletricidade, como parte de seu direito ao uso de energia nuclear com fins pacíficos, caso conquiste confiança da comunidade internacional, segundo fontes da delegação sul-coreana.

O desmantelamento e as garantias de segurança e ajuda energética vão ser realizadas mediante o princípio de compromisso por compromisso, ação por ação, segundo a agência oficial. No documento também ficou estabelecido o compromisso das seis partes de realizar uma quinta rodada de negociações em Pequim no início de novembro, em uma data ainda não determinada.

O diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, declarou nesta segunda-feira que os especialistas internacionais irão à Coréia do Norte o mais brevemente possível, depois do anúncio de Pyongyang.

A crise nuclear coreana surgiu em outubro de 2002, quando Pyongyang reconheceu ter retomado seu programa nuclear, violando um acordo bilateral de 1994. Pouco depois, a Coréia do Norte expulsou os inspetores da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA) e saiu do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

A crise chegou ao seu momento de maior tensão em fevereiro deste ano, quando o regime comunista de Pyongyang, o mais militarizado do mundo, afirmou ter conseguido desenvolver armamento nuclear.

O país stalinista já foi incluído no "eixo do mal" (ao lado do Irã e do Iraque de Saddam Hussein) pelo presidente dos EUA, George W. Bush, que o acusou de perseguir armas de destruição em massa e de apoiar o terrorismo internacional.

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