Atualizado em 13/07/06 às 20h05
Os corpos das duas crianças paranaenses e dos pais Akil Merhi e Ahlam Jaber, família que morava em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, serão enterrados no Líbano. A informação foi dada pelo irmão de Akil, Sobhi Merhi, que também mora em Foz e está se preparando para viajar para o local onde ocorreu a tragédia.
As quatro pessoas da mesma família morreram no bombardeio israelense na cidade de Srifa, no sul do Líbano. O casal Akil Merhi, comerciante de 34 anos, e Ahlam Jaber, de 27, eram libaneses. As duas crianças, o menino Hadi, de 8 anos, e Fátima, de 4, nasceram em Foz do Iguaçu. Toda a família possuia dupla cidadania.
A comunidade libanesa em Foz se reunirá às 19h30 desta quinta-feira na Mesquita da cidade para rezar em memória da família morta no conflito. A preocupação da comunidade é com as outras 200 famílias - cerca de 500 pessoas - que estão na área de conflito e não podem voltar para o Brasil porque o Aeroporto Internacional de Beirute, na capital do Líbano, foi destruído pelos bombardeios.
Em entrevista à reportagem da Gazeta do Povo em Foz, Sobhi contou que o sobrinho (Hadi) chegou a ser levado com vida para o hospital de Srifa, mas acabou morrendo. Já Akil, Ahlam e Fátima morreram no prédio de três andares que a família estava construindo há sete anos. Uma irmã de Akil teria escapado do bombardeio. Ela, segundo Sobhi, estava num apartamento próximo e não foi atingida.
A família teria viajado há um mês para o Líbano e pretendia retornar no fim do mês de julho. "Muitos libaneses daqui de Foz viajam em julho, porque é verão lá", disse Sobhi. Os pais de Akil moram no Líbano, e segundo Sobhi, não foram atingidos pelo bombardeio. Estima-se que 12 mil libaneses e descendentes vivem em Foz.
Governo Brasileiro
O Ministério das Relações Exteriores divulgou na tarde desta quinta-feira uma nota lamentando a morte da família e condenando os ataques perpetrados pelo movimento libanês Hezbollah contra áreas ao norte de Israel. "O governo brasileiro apresenta suas mais sinceras condolências aos familiares das vítimas", diz a nota.
Segundo o documento, "o ministro Celso Amorim instruiu o cônsul-geral do Brasil em Beirute a enviar agente consular ao local de falecimento dos cidadãos a fim de obter informações adicionais e prestar todo o apoio necessário". A nota diz ainda que a Embaixada e o Consulado-Geral do Brasil em Beirute estão igualmente de prontidão para dar assistência aos nacionais brasileiros residentes no Líbano. Porém, até as 17 horas desta quinta, o Consulado brasileiro no Líbano não havia recebido o pedido de assistência.
O ministério, entretanto, não soube informar quantos brasileiros estão na área de conflito. Segundo a assessoria, o fato de que muitos libaneses têm dupla cidadania, dificulta quantificar o número de brasileiros no país.
Ainda na tarde desta quinta, por telefone, o ministério informou, por meio de sua assessoria, que o governo brasileiro ainda não tem nenhum plano para trazer os brasileiros que estão na área de conflito. O governo estaria avaliando a situação, mas, se necessário, mandará um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para resgatar os brasileiros.
Veja na matéria em vídeo a dor dos familiares das vítimas
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