Um total de 60 cadáveres de refugiados da Somália e da Etiópia foi encontrado em uma praia do Iêmen no fim de semana, depois de os traficantes de seres humanos terem obrigado vários deles a pularem na água, afirmou nesta segunda-feira (3) uma entidade de ajuda humanitária.

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Segundo o grupo Médicos Sem Fronteira (MSF), as vítimas mais recentes dessa reconhecidamente perigosa rota de tráfico humano atravessaram o golfo de Áden tendo vindo da cidade portuária de Bosasso (Somália), em fuga da guerra e da miséria.

Em um dos dois incidentes que provocaram as mortes, os traficantes jogaram os refugiados na água, à noite, depois de notar luzes em terra firme e terem ficado com medo de serem abordados pela guarda costeira, afirmaram sobreviventes ao MSF.

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"Eles nos obrigaram a pular na água, mesmo que a profundidade fosse muito grande. Muitas pessoas não sabiam nadar e morreram afogadas", contou um sobrevivente.

Uma mulher grávida de oito meses foi atingida pela hélice do barco depois de ter sido obrigada a pular no mar, disseram os sobreviventes.

Em um segundo incidente, funcionários do MSF descobriram um grupo de pessoas que havia conseguido chegar à praia depois de o barco deles ter afundado. Essas pessoas contaram ter enterrado 23 tripulantes daquela embarcação.

"O barco ficou preso quase de cabeça para baixo, em um banco de areia, não muito longe da praia. Os pescadores estavam tentando salvar os sobreviventes presos embaixo dele, mas não conseguiram", disse Said, um funcionário do grupo de ajuda humanitária.

"Então, eu tive de mergulhar para debaixo dele. Eu consegui entrar na embarcação e, com a ajuda divina, conseguimos tirar duas mulheres e um homem dali", acrescentou.

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Segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), cerca de 32 mil pessoas chegaram em segurança ao Iêmen vindas da Somália, entre o começo do ano e outubro. No mesmo período, ao menos 230 morreram e 365 desapareceram, disse a agência no mês passado.

"Muita atenção tem sido dedicada a enfrentar o problema da pirataria nas águas do Chifre da África", afirmou Francis Coteur, chefe do MSF no Iêmen.

"Infelizmente, pouca atenção é dada ao drama dos refugiados que atravessam as mesmas águas em condições horripilantes. Precisamos nos esforçar mais para responder a essa questão."

Conflitos armados na Somália, períodos de seca e a elevação do preço dos alimentos pioraram neste ano as condições de vida dos moradores do Chifre da África, uma das regiões mais pobres do mundo.

De um total de 199 incidentes de pirataria ocorridos no mundo todo entre janeiro e setembro, 63 deram-se no golfo de Áden e na costa da Somália, segundo a Agência Marítima Internacional.

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