Oficialmente, a campanha para a eleição do próximo dia 14, na Venezuela, vai dos dias 2 a 11 de abril, por determinação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Na prática, porém, o corpo a corpo já começou: Nicolás Maduro, presidente interino e herdeiro político de Hugo Chávez, e Henrique Capriles, líder da oposição, lotam suas agendas com atos país afora, antecipando uma campanha acirrada pelo pouco tempo restante até a votação.
No fim de semana, Maduro visitou simpatizantes nos estados de Aragua e Lara. Dirigiu-se à multidão com um enorme pôster ao fundo de seu mentor, com a frase "Maduro do meu coração" escrita com caligrafia similar a de Chávez. Capriles também foi às ruas: já passou por 11 estados nas últimas duas semanas.
Ambas as campanhas têm uma constatação em comum: não há tempo a perder. O país passou três meses com um líder à distância - Chávez viajou a Cuba para realizar sua quarta cirurgia contra o câncer em dezembro -, e agora apenas 40 dias separam o anúncio da morte do presidente e a nova ida às urnas.
Apesar do mesmo objetivo, as condições da corrida eleitoral têm grandes diferenças. Enquanto Maduro conta com todo o aparato governamental para manter a imagem de Chávez viva no imaginário venezuelano e tirar proveito disso, a mídia estatal ignora os comícios de Capriles. Maduro, por outro lado, é beneficiado com comunicados em cadeia nacional e até um programa próprio, "Diálogo Bolivariano" transmitido por canais estatais.
Para chamar a atenção em pouco tempo, Capriles aposta nas redes sociais, e trocou a estratégia de visitas a casas de eleitores por atos que reúnem mais gente e, de quebra, a cobertura de jornalistas de meios privados - além da TV Globovisión, crítica ao governo, mas em processo de venda a acionistas ligados ao chavismo.
"Nicolás está quebrando o país. Ele não propõe nada, só a imagem do presidente (Chávez)", diz Capriles sobre o rival.
Nesta segunda-feira, representantes do Comando Simón Bolívar, da oposição, levaram um documento ao CNE no qual denunciam "abusos" por parte do governo na campanha de Maduro. Antes, questionaram a imparcialidade da presidente do conselho, Tibisay Lucena, que seria chavista.
Maduro, por sua vez, demonstra estar convencido de sua vitória:
"Por mais que você grite, burguesinho, paranoico, obcecado, no dia 14 de abril eu vou te depenar", disse sobre Capriles.
A mais recente pesquisa do instituto Datanálisis mostrou o chavista 14 pontos à frente do opositor.