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cinco anos de tortura

“Cortavam minhas costas e colocavam sal na ferida”, relata ex-refém paquistanês

Shahbaz Taseer foi torturado durante cinco anos de cativeiro | STRINGER/AFP
Shahbaz Taseer foi torturado durante cinco anos de cativeiro (Foto: STRINGER/AFP)

Chicoteado, cortado e enterrado vivo: um paquistanês, refém de grupos islamitas durante quase 5 anos, revelou nesta terça-feira (17) as torturas sofridas antes de sua fuga e seu reencontro com sua família no início do ano.

Shahbaz Taseer, filho de um importante político paquistanês, o governador liberal de Punjab Salman Taseer, foi sequestrado em 26 de agosto de 2011 em Lahore, grande cidade do centro do Paquistão. O rapto ocorreu poucos meses após o assassinato de seu pai por um extremista.

Nas primeiras entrevistas depois do fim do sequestro em 8 de março, o homem relata sessões de espancamento praticadas por extremistas islâmicos uzbeques.

“Durante um ano, fui torturado para que seus vídeos extravagantes hollywoodianos fossem enviados para a minha família a fim pressioná-la”, conta ao canal CNN.

“Eles me cortavam as costas e colocavam sal nas feridas. Costuraram a minha boca e me deixaram passar fome”, continua.

“Arrancaram as unhas das mãos e dos pés”, afirmou ao serviço de língua urdu da BBC, antes de informar que foi enterrado vivo por vários dias.

Além dos abusos, Taseer disse ter sido levado de um lugar para outro, entre as zonas tribais do noroeste do Paquistão e no vizinho Afeganistão.

“Tenho sorte em ter sobrevivido aos ataques de drones [americanos]. Durante um ataque aéreo, estava a menos de 100 metros de onde a bomba caiu”, indicou à BBC.

“Vitória pessoal”

Descrevendo a sua sobrevivência como uma “vitória pessoal”, disse que “passou quatro anos e meio pensando que não voltaria a ver as pessoas que amava”.

De acordo Shahbaz Taseer, seus captores queriam trocá-lo por dinheiro e 25 extremistas presos.

Uma fonte dentro do movimento talibã havia declarado no momento da libertação que tinha sido exigido um resgate de até 2 bilhões de rúpias (equivalente a 17 milhões de euros).

Mas a vítima garante que não houve nenhum resgate ou troca, alimentando uma onda de especulação a respeito de um retorno que parecia quase milagroso.

O jovem disse ter sido capturado e aprisionado pelo Talibã afegão após confrontos em 2015 entre estes e os membros do Movimento Islâmico do Uzbequistão (IMU), que o detinha até então.

O Talibã “recusava-se a acreditar que eu tinha sido sequestrado e me acusaram de ser um uzbeque”, disse Shahbaz Taseer.

Ele conta que, tempos depois, recebeu a ajuda de um talibã para escapar, deixando sua prisão no Afeganistão em 29 de fevereiro e caminhando até o Baluchistão, no sudoeste do Paquistão, onde conseguiu telefonar para a sua mãe de um restaurante em 8 de março.

Pouco depois de seu retorno, cativou os internautas postando no Twitter, com a hashtag #AskST, trechos de seu calvário e sua alegria depois de encontrar sua esposa.

Shahbaz Taseer foi encontrado uma semana depois do enforcamento do assassino de seu pai, morto porque havia apoiado uma reforma da lei sobre a blasfêmia.

O assassinato de Salman Taseer fez dele um ícone dos reformistas, e sua família acabou sendo visada pelos islamitas armados responsáveis por uma onda de violência no Paquistão desde 2004.

Seu assassino, Mumtaz Qadri, um dos seus guarda-costas, tornou-se um herói dos ultra-conservadores, e centenas de milhares de partidários protestaram depois de sua execução.

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