A Corte Suprema da Colômbia disse nesta segunda-feira (25) ser vítima de um complô de parte do governo de Álvaro Uribe, em aliança com ex-paramilitares de direita. Uribe rejeitou as acusações, que agravam os atritos dos últimos meses entre Executivo e Judiciário.
O presidente da Corte, Francisco Javier Ricaurte, baseou a denúncia em gravações, divulgadas pela revista Semana, que comprovam a realização de encontros entre autoridades e representantes dos paramilitares na sede do governo.
"Isso vem demonstrar que se está preparando um complô contra a Corte Suprema de Justiça para desacreditar seus magistrados e deslegitimar as decisões que se adotam dentro das investigações, com motivo dos estreitos vínculos de alguns congressistas com o paramilitarismo", disse Ricaurte à rádio Caracol.
Na semana passada, a Procuradoria Geral destituiu um irmão do ministro do Interior e Justiça, Fabio Valencia, por supostas ligações com um traficante foragido.
Ricaurte prometeu informar a situação ao promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, que está em visita à Colômbia.
O chefe da Corte Suprema pediu que a Procuradoria Geral e o Ministério Público investiguem sua denúncia.
O secretário jurídico do governo, Edmundo del Castillo, e o secretário de imprensa da presidência, César Mauricio Velásquez, admitiram que se reuniram com o advogado de Diego Fernando Murillo, ex-chefe paramilitar extraditado para os EUA, e com outro líder das milícias, assassinado recentemente em Medellín.
Os funcionários disseram ter participado dos encontros porque essas pessoas supostamente teriam informações sobre um complô da Justiça contra o governo.
"Enlamear os magistrados? Não, de maneira nenhuma. Tínhamos de escutá-los porque aqui houve um tráfico de testemunhas que é grave, e houve especialmente contra o presidente da República", disse Uribe em entrevista coletiva.
Ele acrescentou que é habitual no seu governo que funcionários recebam pessoas que dizem ter informações de segurança ou que comprometam o Estado. "Este presidente se equivoca, é de carne e osso, mas não engana os colombianos", disse ele, negando que tenham sido reuniões clandestinas e lembrando que foi o seu governo que estabeleceu um acordo, a partir de 2003, para desmobilizar 31 mil paramilitares.
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