CPI não se entende, cancela nova reunião e clima esquenta

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Ninguém se entende na CPI dos Sanguessugas. Fracassou pela segunda vez no dia a tentativa de se realizar uma reunião administrativa. Motivo: não houve quórum suficiente nem para abrir a sessão marcada para as 15h.

A confusão envolve a própria cúpula da CPI. Seu presidente, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), nega que tenha convocado reunião para a tarde desta terça depois que fracassou a sessão das 10h. "A reunião está convocada para o dia 18 deste mês", disse. Por outro lado, os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) dizem que foi Biscaia quem marcou a das 15h.

Enquanto os parlamentares batem cabeça, ficam pendentes os requerimentos de convocação das pessoas envolvidas na compra de um dossiê da máfia dos sanguessugas contra políticos do PSDB e a investigação sobre o próprio caso.

Com o impasse, o clima esquentou dentro da CPI. Biscaia acusou os colegas de mentirem sobre a sessão das 15h. "Eles falaram mentira. Eu não minto. Eles não disseram a verdade. Eles tentaram me convencer depois da reunião das 10h, mas ouvi os argumentos e não aceitei", disse.

Biscaia refere-se a um encontro com Gabeira e Sampaio a portas-fechadas na hora do almoço. Os dois últimos disseram que o presidente da CPI havia marcado a reunião das 15h. "É mentira dele (Biscaia). E por que então ele está aqui?", disse Gabeira sobre a presença de Biscaia na reunião fracassada desta tarde. "Eu não posso vir aqui e ver o que está acontecendo no corredor", rebateu Biscaia.

O mal-estar desta terça explicita pela primeira vez uma divisão dentro da CPI no período que antecede o segundo turno das eleições. Integrantes da oposição insinuam que Biscaia possa estar por trás de uma manobra governista para impedir qualquer convocação antes do dia 29 de outubro, data do segundo turno. "Não sei que tipo, mas que está havendo manobra, está", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Biscaia, por sua vez, nega. "Não existe pressão (do governo). Não sou homem de receber pressão. Estão querendo acabar com o clima de cordialidade dentro da CPI", lamentou.

Ameaça de morte

Biscaia contou ainda que, mais uma vez, foi ameaçado de morte. Segundo ele, seu gabinete recebeu um telefone às 14h10 desta terça o ameaçando. O presidente da CPI disse que já comunicou o fato ao departamento de segurança da Câmara.