Apesar do progresso feito pelos engenheiros na batalha para evitar um desastre na usina nuclear danificada pelo terremoto do Japão, cresce a preocupação mundial por causa da radiação na pior crise atômica do planeta desde Chernobyl.
O drama no complexo de Fukushima ocorre enquanto o país registra o aumento no número de mortes provocadas pelo duplo desastre de 11 de março, do terremoto seguido de tsunami. As autoridades estimam que ao menos 21 mil pessoas morreram ou estão desaparecidas.
Os técnicos que trabalham dentro da zona de isolamento no entorno da usina danificada na costa nordeste do Japão finalmente conseguiram ligar os cabos de energia a todos os seis reatores e iniciaram o bombeamento de água em um deles para resfriar as barras de combustível nuclear que estão superaquecidas.
"Vemos uma luz para sair desta crise", disse o primeiro-ministro Naoto Kan, segundo uma autoridade, numa rara demonstração de otimismo no momento mais difícil para o Japão desde a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, dois reatores danificados soltaram fumaça, forçando a retirada temporária dos trabalhadores.
Longe da usina, a evidência crescente de radiação em verduras, na água e no leite causa agitação entre os japoneses e no exterior, apesar das garantias oficiais de que os níveis não são perigosos.
A Tokyo Electric Power, que opera a usina, disse que foi encontrado um pequeno traço de radiação nas águas do Oceano Pacífico nas proximidades, mas informou que os níveis são muito baixos e não apresentam perigo imediato.
"É muito mais sério do que se acreditou nos primeiros dias, quando pensamos que esse tipo de problema pudesse ser limitado a 20 ou 30 quilômetros", disse à Reuters o porta-voz do escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), Peter Cordingley.
"É seguro supor que alguns produtos contaminados saíram para fora da zona de contaminação."
Cordingley afirmou, entretanto, que não havia evidência de alimentos contaminados atingindo outros países a partir do complexo de Fukushima, situado 240 quilômetros ao norte de Tóquio.
O Japão pediu que alguns moradores próximos à usina parem de beber água da torneira depois da detecção de altos níveis de iodo radioativo. O país também interrompeu suas remessas de leite, espinafre e de uma outra verdura chamada kakina produzidos na área.
"Foram encontrados (em alguns produtos) níveis de radiação excedendo os padrões estabelecidos", disse o ministro-chefe da Casa Civil, Yukio Edano.
"O que quero que as pessoas entendam é que os níveis não são altos o suficiente para afetar os humanos. Comer apenas algumas vezes esses produtos não afetará a saúde das pessoas."
Os especialistas afirmam que as leituras são muito mais baixas do que no entorno de Chernobyl depois do acidente de 1986 na Ucrânia.
"Você teria de beber ou comer muito para obter um nível de radiação que seria perigoso", disse Laurence Williams, professor de segurança nuclear no Instituto John Tyndall, na Grã-Bretanha.
"Nós vivemos em um mundo radioativo, recebemos radiação vinda da terra, da comida que comemos. É um tema que causa comoção e a indústria nuclear e os governos têm de tomar mais ações para educar as pessoas."
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