Um relatório de duas agências da ONU e da Cruz Vermelha divulgado nesta quinta-feira afirma que a maioria das 103 crianças africanas que um grupo francês planejava levar do Chade para a Europa tinha famílias.
O relatório diz que 91 das crianças vieram de um lar com "pelo menos um adulto... considerado um dos pais" e que, portanto, elas não eram órfãs, como alegavam os franceses.
O documento também afirma que a maioria das 21 meninas e 82 meninos, com idades entre um e dez anos, veio de vilarejos no Chade, perto da fronteira com o Sudão e não das zonas de conflito de Darfur, no Sudão, contrariando outra alegação dos franceses.
Segundo a correspondente da BBC em Genebra, Imogen Foulkes, as agências que elaboraram o relatório estão tentando estabelecer um histórico para cada criança desde que as autoridades do Chade impediram a organização francesa Arche de Zoé de levá-las para a Europa.
Em entrevistas realizadas pela Cruz Vermelha e autoridades da agência de refugiados da ONU e da Unicef, 91 crianças disseram que estavam vivendo com suas famílias ou com pelo menos um adulto responsável.
O resultado destas entrevistas coloca em dúvida as alegações da Arche de Zoé, de que sua intenção era melhorar a vida de órfãos que vivem na região de conflito de Darfur, no Sudão, país vizinho.
As agências que elaboraram o novo relatório afirmam que a maioria das crianças parece ter vindo de vilarejos no próprio Chade, próximos da fronteira.
As agências da ONU e a Cruz Vermelha afirmam que querem levantar informações o mais rápido possível e oferecer apoio emocional e psicológico às crianças, para que elas possam se reunir às suas famílias e voltar a uma vida normal.
Um juiz no Chade acusou esta semana nove franceses da organização Arche de Zoé por seqüestro e fraude.
Sete espanhóis que trabalhavam como tripulantes do avião onde as crianças seriam embarcadas e dois homens do Chade também estão sendo processados por cumplicidade.
O vôo fretado pela organização francesa Arche de Zoé foi detido por autoridades do Chade na quinta-feira da semana passada na cidade de Abeche.
O presidente do Chade, Idriss Deby, acusou a Arche de Zoé de "seqüestro puro e simples".
A Arche de Zoé é uma entidade criada em dezembro de 2004 para ajudar as pessoas afetadas pelos tsunamis na Ásia. Após os tsunamis, a entidade passou a atuar em Darfur e regiões próximas.
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