As relações dos Estados Unidos com a América Latina, a cooperação energética e dois encontros de cúpula que ocorrerão em breve serão os pontos altos da agenda do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante encontro com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, neste sábado.
Lula se encontrará com Obama ao meio-dia (horário de Brasília), tornando o brasileiro um dos poucos líderes mundiais a ter visitado o democrata em Washington desde que Obama tomou posse, no dia 20 de janeiro.
O encontro tem como cortina de fundo a crise econômica e financeira global, assunto que dominará duas reuniões de cúpula no próximo mês, nas quais ambos os líderes estarão presentes: o encontro do G20, das potências mundiais e emergentes, no dia 2 de abril, e o Encontro das Américas, que ocorrerá entre os dias 17 e 19 de abril.
Autoridades dizem que Obama e Lula discutirão a crise econômica e a preparação para os encontros, enquanto tratam de assuntos como mudanças climáticas, biocombustíveis e a política dos EUA em relação aos vizinhos do Brasil na América Latina.
"Os dois presidentes usarão esta oportunidade para discutir o fortalecimento de nossa cooperação bilateral, assuntos hemisféricos e globais, incluindo como lidar com a crise financeira antes do encontro do G20", afirmou Mark Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Diferenças entre os EUA e a Europa sobre como tratar a crise financeira vieram à tona antes do encontro do G20. Washington quer maiores gastos governamentais, enquanto países como a França buscam ênfase em uma regulação de mercado mais rígida.
Uma autoridade dos EUA disse que Obama perguntará sobre a posição de Lula, mas sem pressioná-lo a apoiar a proposta norte-americana.
Reaproximação
Por seu lado, Lula deve usar a influência do Brasil como força regional para pressionar Obama por um maior engajamento e menores sanções ao lidar com as disparidades sociais e problemas econômicos da América Latina.
"O que eu quero é que os Estados Unidos olhem para a América Latina e para a América do Sul com um olhar amistoso", disse Lula.
"Somos um continente democrático e pacífico, e os Estados Unidos deveriam olhar para a produção e o desenvolvimento, não só para o tráfico de drogas e o crime organizado."
Lula também fará um apelo a Obama para que suspenda o antigo embargo a Cuba e tente uma reaproximação com o presidente da Venezuela Hugo Chavez, um dos maiores críticos de Washington.
Thomas Shannon, secretário-adjunto de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, disse que os Estados Unidos estimam os esforços brasileiros para promover o diálogo regional.
"Nossa disposição em nos engajar construtivamente com países da região depende da disposição recíproca da parte deles em se engajar conosco", disse ele a repórteres na sexta-feira.
Analistas disseram que a visita de Lula à Casa Branca tão cedo no mandato de Obama ilustra o reconhecimento, por parte dos EUA, da importância do Brasil.
"Os Estados Unidos estão bastante conscientes de que o Brasil está se tornando um grande 'player' no cenário mundial", afirmou Leonardo Martinez-Diaz, membro do Brookings Institution, baseado em Washington.
Ainda que política energética e esforços para combater o aquecimento global devam ser tratados, Lula provavelmente terá dificuldades com sua demanda para que os EUA reduzam tarifas de importação para o etanol brasileiro.
"Nesse ponto, os biocombustíveis recuaram na agenda", disse Martinez-Diaz, destacando o preço baixo do petróleo.
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