A crise financeira vai passar, mas o aquecimento global será permanente a menos que as nações façam um esforço coletivo para reduzir as emissões de gases responsáveis pelas mudanças climáticas. Essa foi a primeira advertência feita por líderes políticos e cientistas graduados reunidos na Polônia para a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima. Falando para cerca de dez mil delegados e ambientalistas de 190 países, Yvo de Boer, secretário-executivo da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, alertou que está acabando o prazo para alcançar um novo tratado que substitua o Protocolo de Kyoto.
O ganhador do Prêmio Nobel Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), advertiu para as conseqüências negativas de um fracasso na obtenção de um novo acordo. Elas incluem a possibilidade da extinção de um terço das espécies da Terra, derretimento das calotas polares, aumento do nível do mar e escassez de água para milhões de pessoas dentro de poucas décadas. Para evitar tais desastres, afirmou, as emissões de carbono e outros gases responsáveis pelo efeito estufa devem ser estabilizadas até 2014 e depois reduzidas drasticamente.
"Todos estamos preocupados com a crise financeira", disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk. "Mas devemos entender que crises aconteceram no passado e voltarão a ocorrer no futuro mas nosso trabalho pelo meio ambiente deve ser constante." A Polônia irá presidir as negociações sobre as mudanças climáticas no próximo ano e também tenta salvaguardar sua economia dependente do carvão, ao mesmo tempo em que a União Européia estuda um corte de 20% nas emissões até 2020. A UE fará uma reunião na próxima semana para discutir quais obrigações serão estabelecidas para cada um de seus 27 membros.
O último ano tem sido marcado pelas discussões em torno de qual seria o limite aceitável de emissões para países industrializados. Outras questões também estiveram em pauta, como a destinação de recursos técnicos e financeiros para os países mais pobres e a criação de um sistema regulatório para governar o novo acordo climático. Contudo, a crise de crédito, que abalou muitas economias nos últimos meses, complicou o processo de negociações. Os recursos para investimento secaram, os preços do petróleo caíram e há menos dinheiro para projetos de energia renovável.
Negociações
A história das negociações climáticas tem sido pontuada por conflitos envolvendo países como os Estados Unidos, que denunciaram Kyoto por supostamente prejudicar sua economia em favor de países como China e Índia, que também fazem objeções ao protocolo. Esses países alegam que as obrigações criadas por Kyoto podem limitar seu desenvolvimento e dificultar o combate à pobreza.
Algum progresso foi feito no ano passado, quando países em desenvolvimento concordaram em ajudar a baixar as emissões globais de gases se receberem ajuda tecnológica e financeira. A eleição de um presidente mais sensível ao assunto nos EUA pode dar mais força às negociações, disse o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen.
Ele disse estar feliz com o fato de Barack Obama ter se comprometido a tornar a questão climática uma prioridade de seu governo. "Espero por uma liderança firme dos Estados Unidos na questão climática", afirmou Rasmussen, acrescentando também ser forte o compromisso da China. Para ele, um acordo será alcançado em 2009. As informações são da Dow Jones.
Deixe sua opinião