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Os recentes distúrbios no Egito podem fortalecer o grupo militante islâmico Hamas em sua disputa com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), apoiada pelos Estados Unidos, especialmente se a Irmandade Muçulmana ganhar influência como parte do futuro governo no Cairo, segundo informa o Wall Street Journal.

O presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder, tem sido um protetor do presidente da ANP, Mahmoud Abbas. Ele ajudou a mediar negociações com Israel, além de atuar como importante aliado contra o Hamas desde que o grupo tomou o controle da Faixa de Gaza, há três anos.

Se a onda de protestos contra Mubarak acabar fortalecendo a Irmandade Muçulmana, alguns analistas preveem que isso criará uma mudança significativa do poder em favor do Hamas, possivelmente consolidando seu controle em Gaza e ajudando-o a ganhar mais apoio na Cisjordânia.

Membro do partido secular Fatah, Abbas telefonou para o líder egípcio para demonstrar seu apoio à "estabilidade e segurança" no Egito. O líder da ANP tem seguido a política de Mubarak de cooperar com os EUA e com Israel. Em outra mostra de lealdade, a polícia da Autoridade Palestina dispersou no domingo um pequeno grupo de manifestantes na entrada da embaixada egípcia em Ramallah.

Um novo governo no Cairo menos alinhado com os EUA poderia enfraquecer Abbas, expondo-o à pressão de adversários árabes como a Síria, que critica os palestinos por sua prontidão em negociar com Israel. O Hamas, que tem entre seus fundadores um membro da Irmandade Muçulmana, rejeita as negociações com Israel e se recusa a abandonar os ataques terroristas.

Temeroso com a presença do Hamas em Gaza, perto de seu território, o Egito cooperou com Israel para tentar limitar o contrabando de armas, restringindo o tráfego civil no terminal fronteiriço de Rafah. "Os egípcios sempre se posicionaram como partidários da Autoridade Palestina", disse um funcionário do escritório de Abbas, pedindo anonimato. "Isso mudará toda a fórmula para a região, se a Irmandade Muçulmana prevalecer no Egito".

Por enquanto, funcionários do Hamas disseram pouco sobre os distúrbios no Egito, tomando cuidado para não parecer excessivamente a favor da Irmandade Muçulmana. "Nós estamos de acordo com a escolha do povo egípcio. Isso não significa que estejamos pressionando a favor da Irmandade Muçulmana", afirmou Huda Qirnawi, um parlamentar do Hamas em Gaza. "Nós apoiamos os movimentos do povo contra as ditaduras na região, mas não encorajamos o caos".

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