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Cinco dias depois de encerrada a operação humanitária que resgatou seis reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o chefe da delegação regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Michel Minnig, e o chefe da delegação do comitê na Colômbia, Christophe Beney, vieram ao Brasil agradecer a participação do país na empreitada.

Nesta terça-feira (10), Minnig e Beney se reuniram com o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães. Nesta tarde, eles se encontraram com o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, no Palácio do Planalto, de onde seguiram para o Ministério da Defesa, onde agradeceram ao ministro Nelson Jobim pela participação militar.

Dois helicópteros do Exército e 16 militares foram cedidos pelo governo brasileiro operação coordenada pela Cruz Vermelha. Entre os dias 1º e 5 foram libertados os membros da Polícia Nacional colombiana, Walter Lozano, Juan Galicia e Alexis Torres; o soldado William Giovanny Domínguez Castro; o ex-governador do departamento (estado) de Meta Alan Jara e o ex-deputado colombiano Sigifredo López.

A ajuda brasileira, no entanto, não se restringiu ao empréstimo da aeronave e dos militares. Segundo Beney, o CICV precisava indicar um país que fosse aceito tanto pelo governo colombiano quanto pelas Farc. No final de dezembro de 2008, depois de muita negociação, os dois lados permitiram que o comitê indicasse um país capaz de prestar os meios logísticos para a operação de resgate.

"Como já atuamos na Colômbia há 40 anos, temos uma certa sensibilidade que nos permitiu ver claramente que o Brasil seria aceito pelas Farc e pelo governo colombiano", disse Beney. "Alguns países acabam se identificando mais com um lado que com outro. Já nós, para levar adiante as operações humanitárias, temos que ter relações com todos os envolvidos. Daí a importância de que o país escolhido fosse aceitável pelas duas partes", acrescentou.

Assim como o próprio presidente colombiano, Álvaro Uribe, que no dia 5 telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para agradecer a maneira discreta com que o Brasil agiu, Beney afirmou que o país cumpriu um papel importante também neste aspecto. Além do telefonema de Uribe, um comunicado das Farc agradecendo a participação brasileira foi divulgado pela senadora colombiana Piedad Córdoba.

"Em um tipo de operação como essa, realizada em um terreno de difícil acesso, era muito importante combinar todos os detalhes antecipadamente para que, no dia da libertação, tudo estivesse muito claro para todos os envolvidos", ressaltou Beney.

Para Michel Minning, o sucesso da ação contribui para que se realizem operações semelhantes, possibilitando a libertação de outros reféns. E, se isso acontecer, Minning não descarta a possibilidade de novas cooperações entre a entidade e o governo brasileiro.

"Se houver a disponibilidade brasileira e as partes aceitarem e permitirem darmos continuidade a esse processo, podemos voltar a pedir auxílio, já que todos ficamos muito satisfeitos com o resultado da operação", disse Minning.

Os números sobre reféns em poder das Farc são desencontrados, mas, de acordo com Beney, está estimado em 22 militares, embora o drama colombiano não se resuma a isso. "Há seqüestros por razões econômicas. Fala-se em mais de 200 mil pessoas deslocadas anualmente devido ao conflito armado. Há vítimas de minas, pessoas desaparecidas. A Cruz Vermelha está sempre disposta a oferecer colaboração e já realiza várias ações para proteger e oferecer assistência a essas pessoas", salientou.

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