Cuba rechaçou prontamente outro chamado dos Estados Unidos por reformas democráticas na ilha. O governo de Fidel Castro, assim, começa a romper o silêncio que se seguiu à cirurgia do seu líder e à passagem provisória do poder para Raúl Castro, irmão de Fidel.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, numa mensagem transmitida para Cuba na noite da sexta-feira, afirmou que "muita coisa está mudando" na ilha e que era o momento de pressionar por democracia.
- Nós estaremos ao seu lado para assegurar os seus direitos, o direito de falar quando quiserem, de pensar como quiserem e de escolher os seus líderes em eleições livres, justas e democráticas - afirmou ela na rede Martí de rádio, financiada pelos Estados Unidos.
Contudo, o ministro da Cultura de Cuba, Abel Prieto, declarou à imprensa num evento em Havana que a mensagem não teria nenhuma repercussão. Na quinta, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, já divulgara um texto semelhante ao de Rice.
- Ninguém em Cuba vai ouvir uma mensagem que vem de um funcionário de um governo estrangeiro. A mensagem não tem nenhum valor para os cubanos - afirmou ele, em um dos primeiros comentários vindos do governo desde a cirurgia de Fidel.
'Retórica de Miami'
- Acho que todas essas mensagens são pura retórica de Miami - disse ele.
Prieto também declarou que o governo cubano tem funcionado bem durante a recuperação de Fidel e o comando do irmão Raúl, de 75 anos. Os Estados Unidos têm sugerido, entretanto, que há turbulências internas.
- Não sinto nenhuma incerteza. As pessoas amam Fidel, e isso está sendo visto nestes dias - afirmou o ministro.
O ministro da Saúde cubano, José Ramón Balaguer, declarou a jornalistas durante uma visita a Guatemala que Fidel está em rota de recuperação.
Ele disse que Fidel teve "uma cirurgia complicada, da qual ele está se recuperando de forma satisfatória."
Numa entrevista de rádio, o ministro afirmou que o líder cubano "estará logo de volta."
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, durante visita à República Dominicana na sexta-feira, disse que havia "indicações" de que Fidel se recuperava e desejou melhoras ao líder cubano.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, Alfredo Mesa, diretor da Fundação Nacional Cubano-Americana , afirmou que os exilados (650 mil deles em Miami) começam a perder a esperança inicial de que Fidel havia morrido.
- Não há o que celebrar numa transferência de poder de Fidel para Raúl - disse Mesa à Reuters.
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