Cuba homenageou na segunda-feira seu maior garoto-propaganda, Enersto "Che" Guevara, 40 anos depois de o guerrilheiro ter sido capturado e executado na Bolívia. Fidel Castro, o homem que ele ajudou a colocar no poder em 1959, após a revolução cubana, está doente e não pôde participar da cerimônia no mausoléu onde foram depositados os restos mortais de Che Guevara, retirados de uma cova anônima na Bolívia, em 1997.
Fidel celebrou a data com uma coluna escrita para um jornal desde seu leito de convalescente, afirmando que o médico nascido na Argentina havia plantado as sementes da consciência social na América Latina e no mundo. O líder cubano descreveu-o como uma flor arrancada prematuramente de seu talo.
"Eu faço uma pausa na luta do dia-a-dia para curvar minha cabeça, em sinal de respeito e gratidão, diante do excepcional combatente que caiu 40 anos atrás, no dia 8 de outubro," escreveu Fidel.
Che Guevara foi capturado por soldados bolivianos apoiados pela CIA (agência de inteligência dos EUA) em 1967 e acabou sendo morto a tiros no dia seguinte, em uma escola. O corpo dele, cravado de balas e cujos olhos estavam abertos, ficou em exposição na lavanderia de um hospital e foi mais tarde enterrado em uma cova sem marcação. Ele tinha 39 anos de idade.
Cerca de 10 mil trabalhadores e estudantes cubanos reuniram-se na segunda-feira diante do mausoléu, onde há uma estátua do guerrilheiro carregando um fuzil em Santa Clara, a cidade da região central de Cuba que Che Guevara "libertou" em 1958, na batalha mais importante da revolução cubana.
- Che era amado, apesar de ser teimoso e exigente. Daríamos nossas vidas por ele - afirmou Tomás Alba, de 80 anos, que lutou sob o comando de Che Guevara.
Uma faixa exaltava-o como um "verdadeiro exemplo das virtudes revolucionárias". Che continua sendo um herói nacional em Cuba, onde é lembrado por promover o trabalho voluntário trabalhando ele próprio sem camisa em canteiros de obras ou carregando sacos de açúcar. Até hoje, circula uma nota de peso cubano mostrando-o cortando cana-de-açúcar com um facão.
O guerrilheiro dirigiu o banco central de Cuba e comandou o Ministério da Indústria durante os primeiros anos do governo Fidel. Defendeu a nacionalização das empresas privadas e sonhou com uma sociedade sem classes na qual o dinheiro seria abolido e os salários se tornariam desnecessários.
O líder deixou Cuba em 1966 a fim de iniciar uma nova guerrilha anti-EUA nas selvas da região leste da Bolívia, com o objetivo de criar "dois, três... muitos Vietnam" na América Latina.
Pôsteres de Che Guevara cabeludo, com uma boina na cabeça na qual aparece uma única estrela, transformaram o revolucionário fora-da-lei em um herói popular no mundo todo e em um símbolo da revolução.
A imagem, feita com base em uma foto batida pelo fotógrafo cubano Alberto Korda, tem sido reproduzida em grandes números, constando de camisetas, canecas, bonés, relógios suíços, biquínis e outros produtos da sociedade capitalista de consumo contra a qual Che Guevara lutou.
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