Hillary com o presidente palestino Mahmoud Abbas e o premier israelense Benjamin Netanyahu, em Washington: reinício da busca por um acordo| Foto: Jason Reed/AFP

Washington e Jerusalém - As primeiras conversas diretas em 20 meses entre os líderes israelense e palestino terminaram on­­tem em Washington com promessas de "empenho’’ e uma agenda de novos encontros, en­­quanto no Oriente Médio turbulências já ameaçam as parcas chances de um acordo final.

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Os EUA levaram mais de um ano em esforços diplomáticos apenas para reunir na mesma mesa por uma hora e meia o premiê de Israel, Binyamin Neta­­nyahu, e o presidente da Auto­­ridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

Pouco foi revelado sobre o conteúdo da conversa, mas já está marcada nova cúpula para os dias 14 e 15 deste mês, provavelmente no Egito. Para a Casa Branca, o fato de haver uma data fixa e de a próxima reunião ser no Oriente Médio são duas medidas de sucesso inicial.

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Depois, deve haver reuniões a cada duas semanas.

Antes do encontro no Depar­­tamento de Estado, tanto Neta­­nyahu quanto Abbas fizeram dis­­cursos em que, enquanto defenderam suas posições, mencionaram as prioridades do outro lado.

Netanyahu disse estar "totalmente ciente e respeitoso do desejo [dos palestinos] de soberania’’. Já Abbas foi rápido em condenar a violência.

"Temos um aparato de segurança ainda sendo construído, ainda jovem, mas que está fazendo tudo que é esperado dele. (...) Consideramos a segurança essencial, vital, para ambos’’, disse.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, abriu oficialmente as negociações diretas reconhecendo que esse é um caminho que já foi percorrido muitas vezes, e sem sucesso.

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Apesar disso, ela reiterou confiança no prazo do governo americano de um ano para que as conversas levem a um quadro geral de acordo.

Todos reiteraram o objetivo comum de uma solução de dois Estados que resolva todas as pendências – alusão à disputa por Jerusalém, ao direito de retorno dos refugiados palestinos e à questão das colônias judaicas nos territórios ocupados.

Esse último deverá ser o primeiro desafio da atual rodada de negociações, já que vence no próximo dia 26 o congelamento de dez meses estabelecido por Israel para assentamentos na Cisjor­­dânia. Netanyahu indicou que não pretende estendê-lo, e Abbas, que isso ameaça as conversas.

Ameaças

Enquanto Netanyahu falava em paz em Washington, o núcleo mais duro da direita israelense fazia promessas que ameaçam as conversas.

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Em resposta aos dois atentados em dois dias cometidos na Cis­­jordânia por terroristas palestinos, o conselho de assentamentos judaicos confirmou ontem que já pretende ignorar a moratória de dez meses e retomar a construção nos territórios ocupados.

O diretor do conselho, Naftali Bennett, deixou claro que as construções serão reiniciadas imediatamente em pelo menos 80 assentamentos. "Na prática, o congelamento acabou’’, disse ele.

Ainda ontem, depois de dois dias de buscas e mais de 300 detenções, a ANP anunciou que suas forças de segurança prenderam dois suspeitos de participação no atentado que matou quatro colonos judeus na terça perto de Hebron, na Cisjordânia.