A população da etnia curda que vive no nordeste da Síria anunciou nesta terça-feira (12) a formação de um governo autônomo, após conquistas recentes de territórios que pertenciam a jihadistas.
A declaração vem à tona em meio a um ambiente de fortalecimento dos direitos curdos na Turquia e um movimento crescente em direção à independência da região autônoma curda do Iraque.
Em julho, líderes da etnia já haviam anunciado planos de criar um governo temporário. A declaração mais recente foi feita dois dias após um encontro de grupos locais na cidade predominantemente curda de Qamishli, quando a proposta de uma administração civil transitória ganhou força.
A criação do governo autônomo de transição envolve a divisão da região curda na Síria em três áreas, cada uma com uma assembleia local e representantes para compor um poder executivo regional.
"As principais responsabilidades do governo de transição serão a preparação das leis eleitorais e das próprias eleições, assim como questões políticas, militares, de segurança e econômicas", detalhava o anúncio.
As regiões curdas do norte da Síria são administradas por concelhos locais desde que as forças leais ao presidente Bashar Assad se retiraram em meados de 2012. A medida foi vista como uma escolha tática do regime, que liberou tropas para enfrentar os rebeldes no país e evitou que o curdos se aliassem à oposição.
Recentemente, os curdos têm enfrentado grupos jihadistas para assegurar um corredor mais largo entre a Síria e o Iraque, por onde é feito o transporte regular de tropas e suprimentos. No último mês, forças curdas tomaram controle de um ponto crucial junto a fronteira iraquiana.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Iraque abriga mais de 200 mil refugiados sírios registrados, muitos deles de origem curda. Apenas nos últimos três meses, mais de 50 mil sírios entraram pela região autônoma do país vizinho.
Na Síria, as batalhas ostensivas entre milicianos curdos e jihadistas têm acrescentado um novo grau de complexidade à guerra civil, que segundo estimativas, já tirou 120 mil vidas desde 2011.
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