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Curitibano conta como é viver em Israel com mulher grávida e filha pequena

Curitibano Yuval Yonayoff em treinamento da Marinha em Israel, durante os três anos de serviço militar obrigatório depois de conseguir a cidadania israelense | Arquivo pessoal de Yuval Yonayoff
Curitibano Yuval Yonayoff em treinamento da Marinha em Israel, durante os três anos de serviço militar obrigatório depois de conseguir a cidadania israelense (Foto: Arquivo pessoal de Yuval Yonayoff)
Yuval com familiares, perto do Muro das Lamentações, em Jerusalém |

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Yuval com familiares, perto do Muro das Lamentações, em Jerusalém

Mor Schwarzbard Yonayoff, mulher de Yuval, e a filha Maya, num retrato de família |

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Mor Schwarzbard Yonayoff, mulher de Yuval, e a filha Maya, num retrato de família

Yuval e o irmão Yariv quando bebês, em Curitiba |

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Yuval e o irmão Yariv quando bebês, em Curitiba

"Não é fácil [para a minha mulher] correr para um lugar seguro grávida de nove meses, prestes a dar à luz, e com uma filha de três anos no colo. Nem sempre estou por perto, mas realmente tento passar muita tranquilidade para ela. Não gostaria que ninguém passasse pelo que ela está passando", diz o curitibano Yuval Yonayoff, de 31 anos, vive que há 12 em Israel.

Apesar de o país estar em conflito com o grupo islâmico Hamas, que controla a população palestina confinada à Faixa de Gaza, ele conta que se sente seguro por lá. "Sei que o país está em boas mãos, como reservista conheço muito bem o exército e sua realidade".

É essa sensação de segurança que faz com que Yuval continue em Israel, ao lado da mulher, Mor Schwarzbard Yonayoff, de 28 anos, que espera um menino, e da filha Maya, de 3 anos.

Yuval mora em Ramat Gan, pequena cidade próxima à grande Tel Aviv, a capital financeira de Israel. Segundo ele, quando existe ameaça de míssil, uma sirene é acionada, alertando a população civil para que procure abrigos seguros. Apesar de estar a 100 km da zona de conflito, que fica ao sul do país, na fronteira com a Faixa de Gaza, a família não está imune aos foguetes, com alcance cada vez maior.

"Em situações de guerra, ficamos um pouco desnorteados, pois não sabemos quando devemos parar o cotidiano para procurar um abrigo contra míssil. Por isso, quando ouço o alarme, penso em proteger a minha família, amigos e colegas de trabalho. E também no futuro dos meus filhos, no que podemos conseguir mudar", diz Yuval.

O curitibano se mudou de vez para Israel em 2002, obteve a cidadania, ingressou na Marinha do país e fez os três anos de serviço militar obrigatório: "Depois do serviço militar, aprendi a respeitar e entender que devemos proteger os direitos humanos, muito diferente da realidade apresentada no Brasil".

Filho de pai israelense e mãe brasileira, e criado em uma casa de tradições judaicas, Yuval é o filho mais novo de uma família de quatro irmãos. Passou a infância no bairro São Francisco.

Da vida em Curitiba, ele se lembra das muitas tardes que passava jogando futebol no Centro Israelita do Paraná, na Rua Mateus Leme, no Centro Cívico, das idas à antiga sinagoga do Beit Chabad, que funcionava na Rua Cruz Machado, no Centro, e dos longos passeios de bicicleta pela cidade.

"Nas férias a gente ia para uma fazenda em Rio das Antas, em Santa Catarina, andar a cavalo, cortar lenha e tirar leite de vaca. Essa é a vida que pedi a Deus, mas o destino mudou um pouco essa rotina", diz.

Sobre o conflito entre Israel e Palestina, que já matou centenas de palestinos e dezenas de israelenses, ele condena o modo de agir do Hamas. "Os palestinos são um povo muito sofrido e o bem-estar da população de Gaza está longe de ser a prioridade do Hamas, que vê o povo como instrumento para alcançar objetivos: expulsar os judeus da Palestina, criar um estado teocrático, e (por que não?) enriquecer", afirma.

Apesar de ter muito respeito pelas forças armadas, que, na visão dele, cumprem bem o papel de defender o país, Yuval admite que a guerra não é a solução ideal para colocar fim ao ódio entre judeus e palestinos. "As únicas vítimas são as famílias dos palestinos inocentes e israelenses em geral. As vidas perdidas nos dois lados estão ligadas diretamente à ganância de líderes políticos de muitos países que se fazem de inocentes e humanitários e aos fornecedores de armamentos que se aproveitam desta situação", diz.

Para o curitibano, que adotou Israel como pátria, o judaísmo é a base de tudo conquistado até hoje pelo povo hebreu. E ele espera que, para que o conflito possa um dia terminar, os líderes políticos e religiosos comecem a praticar a principal frase que aprendeu na infância: "Ame ao próximo como a si mesmo". Resta torcer.

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