Vista geral do local onde está detido o líder oposicionista venezuelano Leopoldo Lópes, na prisão de Ramo Verde| Foto: Reuters / Marco Bello

O líder oposicionista venezuelano Leopoldo Lópes, que está preso, pediu aos seus apoiadores nesta sexta-feira (21) para continuarem a realizar protestos pacíficos contra o presidente Nicolás Maduro, apesar da violência que matou seis pessoas e agitou o país sul-americano membro da Opep.

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"Estou bem, eu peço a vocês que não desistam, eu não desistirei", disse López a seus simpatizantes em uma carta escrita à mão e entregue a sua esposa na prisão de Ramo Verde, em Caracas. A mensagem foi publicada na Internet.

López, de 42 anos, um economista formado em Harvard e um dos últimos parentes ainda existentes do herói da independência Simón Bolívar, encabeçou os protestos que começaram em fevereiro contra o governo socialista. Ele se entregou à polícia após um mandato de prisão ser emitido contra ele por instigar a violência.

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Seis pessoas morreram, cinco baleadas e uma atropelada, quando os protestos se tornaram violentos em Caracas e outras cidades ao redor da Venezuela, especialmente na região andina no oeste do país. Mais de cem pessoas ficaram feridas. Ambos os lados culpam um ao outro pelas mortes.

O governo diz que atiradores especiais começam a aparecer entre os opositores e que radicais tentam criar o caos ao atacar a propriedade privada, atacar a polícia e bloquear estradas.

Os manifestantes, sobretudo estudantes, acusam Maduro de intensificar a repressão. Eles afirmam que a polícia é a responsável pelos tiros, por permitir que gangues pró-governo ataquem os manifestantes e pelos maus tratos aos detidos.

"Para a polícia, soldados, procuradores e juízes: não obedeçam a ordens injustas, não se transformem na face da repressão", disse López em sua mensagem a partir da prisão.

"Aos jovens, aos manifestantes, eu peço que continuem firmes contra a violência, e que fiquem organizados e disciplinados. Essa é uma luta de todos."

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Mais uma vez, nesta sexta-feira a pior situação aparentemente ocorreu na cidade de San Cristóbal, na fronteira oeste do país, onde moradores tem usado o termo "zona de guerra" para descrever os confrontos frequentes entre estudantes e forças de segurança, entre barricadas há dias montadas nas ruas.

Operação Militar

Os militares forçaram sua entrada na cidade, disseram moradores, com helicópteros e aviões dando cobertura aérea. O ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, lidera pessoalmente a operação.

Há confrontos também em Mérida, outra cidade andina, e os manifestantes bloquearam novamente algumas estradas em Caracas, nesta sexta.

No maior desafio ao governo de 10 meses de Maduro, os manifestantes demandam sua renúncia ante o aumento da criminalidade, inflação, escassez de artigos básicos e suposta repressão à oposição na Venezuela.

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Manifestantes batem em panelas nas janelas durante toda a noite.

"Eu recomendo que comprem algumas panelas de aço inox que durem uns bons 10, 20, 30 ou 40 anos", ironizou Maduro na noite de quinta. "Porque a revolução está por muito tempo!"

Maduro disse que os protestos são um pretexto para um plano de golpe, similar ao que derrubou seu predecessor, Hugo Chávez, por um breve período, em 2002.

Não há evidência de que os militares, agentes decisivos em 2002, possam se voltar contra Maduro.

Henrique Capriles, outro líder da oposição, rechaçou a alegação de que os manifestantes planejam derrubar o governo pelo uso da força. "Civis não conduzem golpes, são os militares que dão golpes."

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A nação de 29 milhões de pessoas está divida entre os "chavistas", como ainda são conhecidos os apoiadores de Maduro, e seus opositores.

Emissoras de TV locais não estão fazendo praticamente nenhuma cobertura ao vivo dos protestos, razão pela qual os venezuelanos recorrem às redes socais para trocar informações e imagens. Imagens falsas também começaram a circular.

Os protestos em Caracas começaram e têm mais força em bairros de classe média de Caracas, mas manifestações esporádicas também se espalharam por áreas mais pobres.