O primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, garantiu nesta sexta-feira (19) que cumprirá em sua "totalidade" a promessa de entregar mais autonomia à Escócia após o referendo sobre a independência realizado ontem.
Em declaração perante a residência oficial de Downing Street, Cameron disse que os partidos britânicos cumprirão com a transferência de mais poderes à Escócia em matéria fiscal e do estado de bem-estar e confiou em contar já no próximo mês de janeiro com a legislação correspondente.
O primeiro-ministro britânico também expressou sua satisfação pela decisão do povo escocês de manter juntas as "quatro nações", após a vitória do "não" no referendo.
Cameron comentou que o "resultado foi claro" e é uma "oportunidade" de mudar a forma como o país é governado.
"Agora é o momento de nosso Reino Unido se unir e seguir adiante. Uma parte vital disso é um acordo equilibrado, justo para a população da Escócia e, o que é importante, para todos na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte também", acrescentou.
O primeiro-ministro defendeu sua decisão de aceitar a realização da consulta uma vez que o Partido Nacionalista Escocês (SNP), de Alex Salmond, tinha obtido uma expressiva vitória nas urnas nas eleições escocesas de 2011.
Cameron disse que não podia bloquear a convocação desse referendo porque é um "democrata" e era "correto respeitar" a vontade da população da Escócia.
O primeiro-ministro britânico considerou que, da mesma forma que a Escócia terá mais poderes, as outras três nações que formam o Reino Unido também deverão ter "voz" sobre suas competências.
"Os direitos destes eleitores devem ser respeitados, preservados e aumentados. É totalmente correto que um novo e justo acordo com a Escócia esteja acompanhado por um novo e justo acordo que se aplique a todas as partes de nosso Reino Unido", disse.
Dessa maneira, Cameron explicou que há propostas para que a Assembleia de Gales tenha mais poderes e considerou que será preciso trabalhar para que as instituições norte-irlandesas funcionem de "maneira efetiva".
"Escutamos a voz da Escócia e agora milhões de vozes na Inglaterra também devem ser escutadas", comentou.
Para isso, ressaltou Cameron perante a porta de Downing Street, pediu ao ex-ministro de Relações Exteriores William Hague que elabore planos para que estes poderes sejam considerados.
Cameron também admitiu que teria ficado com o "coração partido" se tivesse acontecido uma partilha do Reino Unido.
"E sei que este sentimento é partilhado pelas pessoas, não só de nosso país, mas também do mundo, pelo que conseguimos no passado e pelo que podemos fazer no futuro", opinou.
Resultado
O resultado consolidado dos 32 distritos escoceses apontou 55,3% do "não" à independência (2.001.926 votos) e 44,7% (1.617.989) da campanha do "sim", que defendia o governo autônomo escocês. A participação foi de 84,59% do total de eleitores do país, que é de 4.283.392 de pessoas.
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