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Vitória do "não"

Em referendo, escoceses rejeitam a saída do país do Reino Unido

Adeptos à campanha do "não" comemoram a vitória no referendo escocês | Reuters/Paul Hackett
Adeptos à campanha do "não" comemoram a vitória no referendo escocês (Foto: Reuters/Paul Hackett)

A Escócia rejeitou a independência em um referendo histórico que ameaçava cindir o Reino Unido, semear turbulência nos mercados financeiros e diminuir a influência mundial que o país ainda tem.

O resultado em favor da união de 307 anos com a Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte é um alívio para milhões de britânicos, incluindo o primeiro-ministro David Cameron, cujo cargo estava em jogo, bem como países aliados em todo o mundo que temiam a perspectiva de separação do Reino Unido.

Os opositores da independência venceram com 55% dos votos, enquanto os separatistas obtiveram 45%, num total de 3,6 milhões de votos - com 85% de comparecimento, um recorde de participação eleitoral.

Mas líderes de todo o Reino Unido disseram que o país terá de mudar para permanecer unido.

Defensores da união festejaram se beijando, abraçando e bebendo vinho e cerveja em Glasgow, maior cidade da Escócia, onde os separatistas obtiveram maioria de votos, enquanto o líder nacionalista Alex Salmond admitiu a derrota em Edimburgo, que apoiou o Reino Unido.

Cameron disse que a questão da independência da Escócia ficou resolvida por uma geração.

"Não pode haver contestações, nem nova votação. Ouvimos a vontade firme do povo escocês", disse o premiê diante de sua residência oficial, em Downing Street, em Londres.

Está previsto que a rainha Elizabeth 2ª, que está em seu castelo escocês de Balmoral, faça um comentário ainda nesta sexta-feira.

A campanha pela independência agitou este país de 5,3 milhões de habitantes, mas também dividiu amigos e famílias.

Após o resultado, a libra subiu fortemente em relação ao dólar e o euro. Os títulos e ações britânicas tiveram alta, e as grandes empresas britânicas com presença na Escócia saudaram a decisão das urnas.

O Royal Bank of Scotland disse que descartou os planos de mudar a sua sede para a Inglaterra.

Em declarações diante de uma bandeira escocesa gigante, Salmond admitiu a derrota ao mesmo tempo em que alertou os políticos britânicos, em Londres, de que têm de respeitar as promessas feitas de conceder mais poderes à Escócia.

"A Escócia decidiu por maioria, neste momento, não se tornar um país independente. Eu aceito o veredicto do povo e apelo a toda a Escócia para que siga o exemplo e aceite o veredicto democrático do povo da Escócia", disse Salmond.

"A Escócia espera que os compromissos feitos sejam honrados rapidamente", acrescentou.

As pesquisas de opinião que mostravam um aumento ao apoio à separação nas duas semanas que antecederam o referendo levaram os políticos britânicos a prometerem conceder mais poderes à Escócia, um passo que provocou a ira de alguns parlamentares da Inglaterra.

Em um esforço para esvaziar esse mal-estar, Cameron prometeu um novo acordo constitucional que concederia à Escócia os poderes prometidos, mas também daria maior controle para a Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte.

"Escolhemos a unidade em vez da divisão, e a mudança política no lugar da separação desnecessária", disse o ex-ministro britânico das Finanças Alistair Darling, responsável pela campanha "Melhor Juntos".

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