
Uma Itália que tenta recuperar sua credibilidade internacional está cada vez mais seduzida pela figura do comandante Gregorio de Falco, famoso por seu diálogo ríspido com o capitão Francesco Schettino enquanto o Costa Concordia naufragava.
Além de se tornar um símbolo da Itália honesta e trabalhadora, De Falco surpreendeu o país por se recusar a viver seus 15 minutos de fama. Os jornais e tevês tentaram transformá-lo no homem do dia. Sem êxito. O comandante não quis falar com ninguém. O recato dele reforçou a admiração pública.
"Não é o momento de dar entrevistas, e ainda temos que recuperar os mortos dentro do navio", disse a jornalistas, cortando qualquer tentativa de conversa.
O pouco que se sabe dele saiu no diário Il Tirreno, de Livorno, que conseguiu falar com o comandante antes que sua mais célebre frase, "Vada a bordo, cazzo!" ("Volte a bordo, c*!"), fosse repetida em todo o mundo e virasse até tema de camisetas vendidas pela internet.
Sabe-se que De Falco tem 46 anos, nasceu em Nápoles, estudou em Milão e se formou em Direito. Entrou na Marinha em setembro de 1993 e chegou a Livorno em 2005. Na sexta-feira do naufrágio, coordenava uma equipe de cinco pessoas na Capitania do Porto de Livorno.
Segundo seus amigos e colegas, De Falco gosta de motocicletas, e sua vida se divide entre o trabalho e sua família.
Mora numa casa perto da Capitania de Livorno, com a mulher, Rosaria, e as filhas, Maria Rosaria e Carla, de 5 e 11 anos de idade. Muitas vezes foi convocado à noite para alguma emergência e correu para o trabalho de pijama mesmo.
Política
A maioria dos italianos até propôs seu nome para um ministério. Uma explicação para esse fenômeno é fornecida pelo escritor e jornalista Corrado Augias, para quem De Falco é "um militar de filme americano".
"A aprovação que ele recebeu revela mais do que qualquer pesquisa de opinião que boa parte de nós, cidadãos italianos, precisamos de um líder, de severidade, de um pai. E isso não é uma boa notícia", disse Augias.