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Decisão russa é inconsciente com o cessar-fogo patrocinado pela Rússia e com várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU | Larry Downing / Reuters
Decisão russa é inconsciente com o cessar-fogo patrocinado pela Rússia e com várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU| Foto: Larry Downing / Reuters

Conflito no Cáucaso pode se agravar após decisão de Medvedev

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse nesta terça-feira (26) que a Rússia deve "reconsiderar" sua "decisão irresponsável" de reconhecer a independência de duas regiões rebeldes da Geórgia.

A declaração é uma resposta ao presidente russo, Dimitri Medvedev, que anunciou nesta terça ter assinado um decreto reconhecendo as regiões da Abkházia e da Ossétia do Sul como Estados independentes. O Kremlin também anunciou que vai estabelecer relações diplomáticas com as regiões, assim como estreitar a cooperação e os laços de amizade.

Bush disse em seu rancho em Crawford, no Texas, que a decisão russa é inconsistente com várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU e com o cessar-fogo patrocinado pela Rússia.

"A ação da Rússia só exacerba tensões e complica negociações diplomáticas", disse. Ele completou dizendo que, de acordo com a ONU, as regiões estão dentro das fronteiras da Geórgia e devem permanecer assim.

Os líderes das regiões separatistas elogiaram a "decisão histórica" da Rússia, segundo a agência Interfax.

Mas a decisão provocou críticas imediatas do Ocidente. A secretária norte-americana de Estado qualificou de "lamentável" a decisão. A União Européia condenou "firmemente" a decisão russa. A Presidência do Conselho informou que a decisão é "contra os princípios de independência, soberania e integridade territorial da Geórgia".

Já o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse que a decisão russa é "completamente ilegal".

O anúncio é um desafio aos Estados Unidos e às demais potências ocidentais, que protestaram contra a decisão russa. Nesta segunda-feira, depois que o parlamento russo aprovou o apoio ao reconhecimento da independência das regiões, os EUA anunciaram que vão "revisar por completo" sua relação com a Rússia. A Casa Branca acusou Moscou de não ter cumprido o acordo de cessar-fogo com a Geórgia.

Nesta segunda-feira, o parlamento russo decidiu pedir ao presidente da Rússia, Dimitri Medveded, que reconheça a independência das regiões da Geórgia.

Segundo a Casa Branca, o futuro estatuto das regiões separatistas é um "tema das megociações de paz e de discussão entre as partes", envolvendo os habitantes das regiões, da Geórgia e as Nações Unidas.

O Conselho da Federação (câmara alta) e a Duma (câmara baixa) votaram por unanimidade uma declaração pedindo a Medvedev que reconheça a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul.

"A Rússia respeitou durante mais de 15 anos a integridade territorial da Geórgia", declarou o presidente do Conselho da Federação, Serguei Mironov, na abertura da sessão.

"Hoje, após a agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul, as relações não serão nunca mais as mesmas", acrescentou, chamando de "genocídio" a ofensiva das forças georgianas nesta república separatista em 7 de agosto.

"Nem a Abkházia, nem a Ossétia do Sul viverão no mesmo Estado que a Geórgia", disse o presidente abkházio, Serguei Bagapch.

O presidente da Ossétia do Sul, Eduard Kokoiti, declarou que Tskhinvali, a capital da província, se tornou o "Stalingrado do Cáucaso" numa alusão à batalha de Stalingrado em 1943.

Seis meses após a proclamação da independência de Kosovo, reconhecida pelo Ocidente, mas muito criticada por Moscou, que advertiu na ocasião contra um "efeito dominó", o precedente da província sérvia está bem vivo na memória nesta segunda.

"A Abkházia e a Ossétia do Sul têm mais razão do que Kosovo para ter sua independência", afirmou o presidente da comissão dos Assuntos Estrangeiros da Duma, Konstantin Kossatchev.

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