O principal advogado de Saddam Hussein negou nesta quinta-feira que o ex-presidente tenha confessado que ordenou execuções e uma campanha contra os curdos, na qual milhares de pessoas foram mortas.
- Não houve confissão do presidente e todas as investigações nesse caso não o implicam de maneira alguma - disse Khalil Dulaimi em comunicado enviado à Reuters.
O presidente iraquiano, Jalal Talabani, afirmou à televisão estatal na terça-feira que um investigador que interrogou Saddam contou que havia conseguido confissões importantes e que o ex-líder assinou as declarações.
Talabani não disse se Saddam admitiu ter cometido crimes ou se somente reconheceu que era o chefe de Estado e comandante-chefe do Exército durante várias operações militares.
- Saddam merece sentença de morte 20 vezes por dia, porque tentou me assassinar 20 vezes - disse Talabani, relembrando o tempo que era um líder rebelde curdo que combatia as autoridades de Bagdá.
As declarações de Talabani parecem ser parte de uma campanha orquestrada pelo governo para preparar os iraquianos para a execução de Saddam, que aconteceria por enforcamento.
Dulaimi disse que o investigador que vazou informações sobre o caso deveria deixar o cargo, porque está prejudicando o resultado do julgamento.
- Se é verdade que um juiz mencionou qualquer coisa sobre a investigação ao senhor Talabani, então este juiz deveria renunciar imediatamente. O senhor Talabani não deveria fazer declarações sobre qualquer coisa ligada a um processo judicial que deveria ser conduzido em segredo para garantir que seja feita justiça - disse Dulaimi.
Dulaimi viu Saddam pela última vez na segunda-feira, pouco depois de o governo ter anunciado o dia 19 de outubro como a data de início do julgamento dele pela acusação de assassinatos em massa.
O advogado disse que a corte especial não notificou a defesa de Saddam sobre o calendário do julgamento nem mandou documentos sobre a acusação de morte de 143 xiitas depois de uma tentativa frustrada de assassinato contra o ex-presidente.