Quando aceitou responder, por e-mail, a perguntas sobre o fim da União Soviética, o professor Reginaldo Dias, do curso de História da Universidade de Maringá, fez questão de fazer um preâmbulo: "Os debates sobre a ex-URSS costumam despertar paixões ideológicas. Tentarei fornecer alguns parâmetros para que o leitor reflita."

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Do ponto de vista político, o fim da União Sovié­­tica foi bom para a Rússia?

Por décadas, a URSS foi protagonista da política internacional, considerada uma das duas grandes potências do mundo. Desse ponto de vista, houve uma diminuição de importância do papel desempenhado pela Rússia. Além disso, considere-se que a URSS era um estado multinacional, da qual a Rússia era a principal das repúblicas. A Rússia liderava uma série de repúblicas e mantinha as vantagens relativas da integração de dinâmicas econômicas, de acesso a fontes energéticas, a territórios, etc. Essa vantagem relativa foi perdida. Em contrapartida, as demais ex-repúblicas soviéticas obtiveram a vantagem da ação independente. Por outro lado, no que se refere ao sistema político propriamente dito, a mudança introduziu a perspectiva de desenvolvimento democrático para a Rússia. Ainda que os resultados estejam aquém das expectativas existentes há duas décadas, esse é um aspecto a salientar. O horizonte democrático deve condicionar até mesmo eventuais projetos socialistas dos herdeiros do antigo partido comunista.

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Qual é o maior problema da Rússia pós-comunismo?

A desagregação do sistema de proteção pública trouxe rebaixamento em vários indicadores sociais. A Rússia não é propriamente nem a economia de mercado nem a democracia liberal que vicejavam no imaginário social no fim da perestroika. A herança de séculos de autoritarismo e de dirigismo estatal, traços anteriores à própria URSS, é forte.

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