O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse na quinta-feira que não pretende disputar a reeleição em janeiro e expressou desapontamento com o governo dos Estados Unidos por "favorecer" Israel na argumentação sobre o relançamento do processo de paz.
O líder da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), de 74 anos, afirmou em um discurso televisionado que sua decisão não é uma tática de negociação. Mas o modo como se expressou parecia deixar a porta aberta para uma mudança de opinião. Altos funcionários para os quais ele antecipou sua decisão no começo do dia disseram ter insistido para a sua permanência, já que não têm um substituto em vista.
Abbas, que substituiu Yasser Arafat cinco anos atrás, reservou parte de suas críticas aos oponentes islâmicos do Hamas, que derrotaram seu partido, o Fatah, na eleição parlamentar de 2006 e tomaram o controle da Faixa de Gaza no ano seguinte, cindindo a unidade nacional dos palestinos.
Mas Abbas também foi duro com Israel, cujo premiê, Benjamin Netanyahu, rejeitou abruptamente sua exigência de que, antes da retomada de negociações de paz, não fossem feitas mais construções nos assentamentos israelenses erguidos na Cisjordânia ocupada.
Assessores de Abbas dizem que ele se sente frustrado desde que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, concordou com Netanyahu, durante uma visita a Israel na semana passada, de que a expansão dos assentamentos não deveria impedir o retorno das negociações de paz.
Numa demonstração desse desapontamento, Abbas elogiou o governo do presidente Barack Obama por promover a paz, mas acrescentou: "Nós ficamos surpresos por eles apoiarem a posição israelense".
"Eu disse aos nossos irmãos na OLP que não tenho nenhum desejo de disputar a próxima eleição", afirmou um Abbas visivelmente tenso em entrevista à imprensa em seu escritório, em Ramallah.
"Essa não é uma decisão de barganha, uma manobra, de jeito nenhum", disse Abbas. "Espero que entendam minha posição".
Depois do anúncio de Abbas, Hillary disse que estava ansiosa em trabalhar com o presidente palestino sob qualquer circunstância.
"Ele reiterou seu compromisso pessoal de fazer o que pudesse para chegar a uma solução de dois Estados no conflito iraelense-palestino... Estou ansiosa para trabalhar com o presidente Abbas em qualquer nova capacitação".
Um homem que construiu sua carreira política nas negociações com Israel, Abbas disse que ainda acreditava ser possível chegar a uma solução pela qual um Estado palestino seria criado ao lado de Israel.
Mas ele enfrenta um dilema: os EUA insistem que ele abandone a imposição de condições para a retomada das negociações de paz com Israel. Mas abandonar a exigência de congelamento dos assentamentos israelenses pode fortalecer ainda mais o Hamas.
"Acho que o objetivo é conseguir uma posição norte-americana mais forte, que definisse o termo de referência para o processo de paz, e esse (termo) é o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, sem excluir Jerusalém", disse o cientista político George Giacaman, da Universidade Birzeit na Cisjordânia.
"É uma ferramenta de pressão que tem como alvo os norte-americanos e não significa que Abbas vai renunciar nas atuais circunstâncias. Talvez mais tarde".
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