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A crise síria entrou neste domingo (20) em uma nova encruzilhada diante da rejeição da Liga Árabe às condições de Damasco para receber a missão de observadores árabes, uma medida que para o Governo sírio "rompe a soberania nacional".

Em comunicado, a organização pan-árabe garantiu que as remodelações propostas pela Síria na quinta-feira "afetam a essência do protocolo e mudam fundamentalmente a natureza da missão".

Esta delegação, formada por 500 observadores, tem como objetivo a proteção de civis e a aplicação do plano árabe, que exige entre outros pontos o fim do derramamento de sangue na Síria e a retirada das tropas das ruas.

Neste sentido, o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al Muallem, declarou que a missão que a Liga Árabe planeja enviar para verificar o fim da violência "rompe a soberania nacional" em sua configuração atual, e por isso Damasco expressou uma série de condições.

Com respeito a essas condições, o regime sírio mostrou reservas quanto ao número de observadores e a participação de algumas organizações de direitos humanos, e quis impor que a missão árabe fosse acompanhada por delegações sírias, informou neste domingo o jornal árabe "Al-Hayat".

Muallem acusou, em entrevista coletiva em Damasco, as "partes árabes" de quererem utilizar a Liga Árabe para levar a crise síria ao Conselho de Segurança da ONU.

"A situação exige um estudo razoável. Uma análise lógica diria que há partes árabes querendo utilizar a Liga Árabe como instrumento para chegar ao Conselho de Segurança", assinalou, sem especificar a que "partes" fazia referência.

Sobre o ultimato da Liga Árabe a Damasco para aceitar o Mapa de Caminho que expirou no sábado, Muallem declarou que seu país "vai lutar" se for preciso, embora confie em que "triunfe a linguagem da diplomacia".

Durante seu discurso, o titular das Relações Exteriores negou que projéteis RPG tivessem atingido um prédio do partido governamental Baath, no centro da capital, como informaram os opositores Comitês de Coordenação Local.

Este grupo contou que testemunhas afirmaram ter visto fumaça saindo do prédio e ouviram diversas explosões nessa região central da cidade.

Os rebeldes do Exército Livre Sírio, formado por militares desertores, desmentiram em vídeo postado no "YouTube" terem atacado a sede.

"Nós não atacamos a sede do partido, e não atacaremos nenhum prédio civil. A ação contra o prédio é um ato do regime para manchar a imagem da revolução. Nós atacamos as forças de segurança, conhecidas pelo seu envolvimento em tortura", diz no vídeo o comandante do grupo, Riad al Asaad.

Na capital síria, ocorreu neste domingo uma grande manifestação em apoio ao regime do presidente, Bashar al Assad, e contra à decisão da Liga Árabe de suspender a Síria como membro da organização.

O ambiente da manifestação era festivo, em contraste com os massacres como com frequência acabam os protestos da oposição devido à repressão das forças de segurança.

Só neste domingo, ao menos 12 pessoas morreram em diferentes ataques das forças leais ao regime, sete delas em Homs (centro), quatro em Idleb (norte) e uma em Bukamal (leste), conforme os Comitês de Coordenação Local.

Este grupo opositor indicou que muitos habitantes de Homs deixaram neste domingo suas casas e cruzaram a fronteira do Líbano, fugindo da violência.

As províncias de Homs e Idleb, dois dos principais redutos da oposição a Assad, são alvos de fortes ofensivas pelas forças pró-governo e nelas cada vez são mais frequentes os choques entre o Exército e supostos militares desertores.

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