Apenas três dias depois da confirmação da sua vitória eleitoral, o provável futuro premiê da Itália, Romano Prodi, já enfrenta um racha na sua coalizão. Dois partidos que apoiaram a candidatura de Prodi disputam o cobiçado cargo de presidente da câmara baixa. Fausto Bertinotti, líder do grupo político Refundação Comunista, ameaçou deixar o bloco, caso não ganhasse a presidência da casa.

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- Já vimos depois de dois dias que é assim que isso vai terminar - afirmou Piero Fassino, líder dos Democratas da Esquerda, partido que ganhou o maior número de votos nas eleições de 9 e 10 de abril, a mais disputada na Itália desde a Segunda Guerra. - Será possível que eu não posso confiar mais (em Prodi)? - indagou ele.

Prodi, que passou o sábado em sua casa em Bolonha, negou a crise.

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- Tudo vai ficar bem, tudo vai ficar bem - disse a jornalistas, após voltar de um passeio de bicicleta.

A sua calma não era compatrilhada pelos jornais italianos, que, de forma unânime, disseram que ele não seria capaz de suportar desavenças na coalizão, pois tinha a menor maioria da história italiana, além de Berluconi, que se recusa a reconhecer a derrota, a preparar-lhe uma dura oposição. A crise se dá no momento em que simpatizantes do premiê Silvio Berlusconi continuam a exigir recontagem de voto, mesmo depois da decisão da Suprema Corte que confirmou na quarta-feira a apertada vitória de Prodi.

"Em vez de tentar provar a sua seriedade e unidade, essa maioria minúscula está brigando por cargos e dando a impressão que essa é a idéia que eles têm de governo", escreveu Sergio Romano, importante analista político, no jornal Corriere della Sera, sob o título "Um espetáculo feio".

Para completar os problemas de Prodi, o chefe de outro partido da coalizão, o pequeno e centrista União Democrática pela Europa, declarou-se descontente com os primeiros passos do líder do bloco e ameçou deixar a aliança se as coisas não mudarem.

Oponentes sempre disseram que Prodi não seria capaz de segurar juntos todos os integrantes da sua ampla coalizão eleitoral, que vai de comunistas a católicos moderados, mas poucos esperavam que os rachas surgiriam antes mesmo de o bloco assumir o poder.

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Jornais relataram que Berlusconi acredita já ter minado a maioria alcançada por Prodi nas urnas, pois haveria conquistado apoio de centristas decepcionados com a força dos comunistas. O premiê acreditaria poder incluisive obstruir a formação do governo de esquerda.