Cairo - País mais populoso do mundo árabe, o Egito ostenta a segunda maior economia da região, atrás somente da Arábia Saudita. Comparado aos vizinhos, no entanto, seus índices socioeconômicos estão entre os piores.
Dos 80 milhões de habitantes, dois terços são jovens abaixo de 30 anos, dos quais 90% estão desempregados.
Baseada no turismo, na agricultura e na exportação de petróleo e algodão, a economia não sustenta a rápida taxa de crescimento demográfico, excluindo milhões do mercado de trabalho.
Com 40% vivendo com menos de US$ 2 (R$ 3,30) por dia, o país está na 101.ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), atrás de Tunísia (81), Jordânia (82) e Argélia (84). Na lista, o Brasil fica em 73.º.
Desvalorizada, a libra egípcia vale menos de US$ 0,20 (R$ 0,33) e ontem caiu ao menor valor nos últimos seis anos.
Recentes investimentos em telecomunicações e infraestrutura foram insuficientes para conter a crescente insatisfação entre os jovens. Muitos com diploma de mestrado trabalham como ambulantes e se alimentam somente de pão.
Analistas estimam que a crise política possa abalar o turismo, setor que responde por mais de 11% do PIB e cria um em cada oito empregos no país. Em 2009, cerca de 12,5 milhões de estrangeiros visitaram o Egito, gerando lucros de US$ 10,8 bilhões (R$ 18,1 bilhões).
O ministro da Economia, Rachid Mohamed Rachid, minimizou a ira dos manifestantes. "Creio que a insatisfação pode ser gerenciada", disse ainda na quarta-feira, acrescentando que o país já tinha conduzido reformas políticas e econômicas.
Importante aliado dos EUA na região, o Egito recebeu do país no ano passado US$ 1,3 bilhão (R$ 2,1 bilhões) no setor militar e US$ 250 milhões (R$ 420 milhões) como auxílio financeiro.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, diz que o país considera reduzir os incentivos ao Egito após as manifestações desta semana.