Os países mais ameaçados pelo aquecimento global se rebelaram na sexta-feira contra uma proposta debatida na conferência climática da ONU em Durban, obrigando a anfitriã África do Sul a preparar novos textos-base, numa tentativa de evitar o colapso das negociações.
A chanceler sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane, suspendeu a sessão depois de uma coalizão formada por nações insulares, nações em desenvolvimento e a União Europeia se queixar da falta de ambições no documento de trabalho, segundo fontes.
"Houve um forte apelo dos países em desenvolvimento, dizendo que os compromissos nos textos propostos não eram o suficiente", disse o ministro norueguês da Mudança Climática, Erik Solheim.
A União Europeia faz campanha para que a conferência de Durban estabeleça como meta a definição de um novo tratado climático global até 2015, para entrar em vigor a partir de 2020. Esse tratado deveria impor cortes compulsórios para os maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa.
O ministro canadense do Meio Ambiente, Peter Kent, disse à Reuters que há "uma séria negociação a fazer" para que a conferência possa terminar na sexta-feira, conforme previsto.
O X da questão é até que ponto o documento final de Durban deve ter um caráter obrigatório para os seus signatários. A proposta inicial se referia apenas ao "marco jurídico", o que segundo críticos não obriga os participantes a nada.
O novo texto-base em preparação pelos anfitriões pode mencionar um "instrumento jurídico" ou mesmo um "protocolo ou outro instrumento jurídico", termos que implicam um compromisso mais sólido.
A estratégia da UE é aglutinar o maior número de países em torno da sua proposta, a fim de pressionar os três maiores emissores globais de gases do efeito estufa - China, EUA, Índia, que estão desobrigados de realizarem reduções pelo atual tratado climático, o Protocolo de Kyoto.
Os EUA dizem que só se comprometerão com cortes compulsórios se todos os grandes poluidores fizerem o mesmo. China e Índia dizem que seria injusto exigir deles cortes no mesmo nível que os países industrializados, que causaram ao longo dos últimos dois séculos.
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