Aumenta a violência contra oposição na Síria
Damasco - Milhares de sírios marcharam ontem na cidade de Deraa, no sul do país, após o funeral de um manifestante morto no dia anterior durante um protesto inspirado pelas recentes revoltas na Tunísia e no Egito, disse um morador. A polícia dispersou a multidão com cassetetes, enquanto o governo avaliava os danos provocados pelos protestos. No domingo, a multidão queimou o edifício-sede do tribunal de justiça em Deera.
Um menino de 11 anos, Munze Mumem al Masalmah, morreu ontem por causa de ferimentos recebidos no domingo, informou um ativista à agência France Press. O garoto inalou gás lacrimogêneo na manifestação, quando mais de 100 pessoas ficaram feridas nos protestos. Com a morte da criança, sobe para 7 o número de mortos apenas em Deraa desde a sexta-feira.
Uma outra fonte, pedindo anonimato, disse que "uma massa de manifestantes começou a marchar do cemitério até a mesquita de Al-Omari após o enterro" de Raed Akrad, morto pelas forças de segurança no domingo, quando elas usaram balas de verdade para interromper um protesto.
"Apenas Deus, a Síria e a liberdade" e "revolução, revolução" eram alguns dos gritos dos manifestantes. Segundo o morador, agentes das forças de segurança estavam na entrada da cidade, enquanto se iniciava o quarto dia de protestos.
Deraa é o epicentro dos protestos contra o governo da Síria. Os militares e agentes da polícia nacional reforçaram a segurança na entrada da cidade.
Agência Estado
O ditador do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, sofreu ontem uma onda de deserções em seu governo e ficou ainda mais isolado para enfrentar os recentes protestos populares que pedem sua renúncia.
Dezenas de militares incluindo três integrantes da cúpula do Exército e ao menos seis embaixadores do país declararam apoio aos movimentos populares opositores. As deserções vieram depois de o ditador destituir seu gabinete, ontem.
As mobilizações populares contra o regime iniciaram em fevereiro e ganharam força na última sexta, depois de 52 manifestantes serem mortos por atiradores de elite. A violência dividiu o governo, apesar de o ditador negar que os tiros tenham sido disparados pela polícia.
Ontem, tanques cercaram o palácio presidencial e outros pontos estratégicos da capital, Sanaa. Segundo agências de notícias, os blindados eram comandados por desertores do regime.
Simultaneamente, uma multidão voltou a se aglomerar no centro da capital. O ditador, que comanda o país há 32 anos, afirmou que tem apoio da "maioria do povo e que os manifestantes são uma "minoria violenta.
Entre os desertores de ontem estão um general do exército, dois oficiais de alta patente, e os embaixadores do Iêmen no Kuait, Síria, Líbano, Egito, China e o seu representante na Liga Árabe.
Chefe tribal
O chefe tribal mais importante do país e o governador de Adén, segunda maior cidade do Iêmen, também declararam apoio à revolta.
O chanceler francês, Alain Juppé, afirmou que considera "inevitável a renúncia de Saleh. A União Europeia condenou o uso da força contra a população e ameaçou "revisar suas políticas em relação ao país árabe. O premier britânico, David Cameron, se disse "extremamente preocupado.
Um dos líderes da oposição afirmou, sob anonimato, que estão em curso negociações para que Saleh concorde em renunciar pacificamente ao poder e passe o governo do Iêmen a uma junta militar, que governaria provisoriamente até que ocorram eleições gerais. Saleh também enviou uma mensagem ao rei Abdullah da Arábia Saudita, cujo conteúdo é desconhecido. Abdullah apoiou Saleh durante certos momentos do seu governo de 32 anos no Iêmen, mas também em outros tempos as relações entre os dois países ficaram tensas.
Saleh governou o Iêmen do Norte (República Árabe do Iêmen) entre 1979 e 1990, quando o país unificou-se ao Iêmen do Sul. Ele passou a governar o país inteiro. Atualmente, além de um ramo local da rede extremista Al-Qaeda, o governo iemenita enfrenta a oposição da minoria xiita no norte e um movimento separatista no sul. O país é um dos mais pobres do mundo árabe.
Os EUA têm no Iêmen um forte aliado e o país abriga tropas norte-americanas. A deserção das lideranças militares pode complicar o apoio dos EUA a Saleh.