As fortes tempestades que desde segunda-feira castigam Uganda, no centro da África, deixaram pelo menos 70 mortos e 250 desaparecidos, além de um rastro de destruição na região de Bududa, 275 quilômetros a leste de Kampala, a capital ugandense, informaram autoridades locais nesta terça-feira.
Moradores relataram que rios de lama desceram das encostas das montanhas, varrendo casas e lojas, além de uma escola e uma igreja de três aldeias da região. Nesta terça-feira, o governo ugandense ordenou que as Forças Armadas participem dos regastes às vítimas
"Muitas pessoas, inclusive mais de 50 estudantes, estão mortas ou desaparecidas", disse o ministro do Interior, Musa Ecweru. "O governo está fazendo o possível para resgatar os sobreviventes e o presidente Yoweri Museveni já ordenou que os militares se integrem às operações."
James Kasawi, de 20 anos, um dos sobreviventes resgatados nesta terça-feira disse que estava numa igreja quando uma avalanche de lama a soterrou. "A igreja entrou em colapso de repente. Seis pessoas que estavam sentadas perto de mim morreram. Só sobrevivi porque minha cabeça ficou para fora da lama", disse Kasawi, que teve uma perna e um braço quebrados.
Outro sobrevivente, Mohamed Mudindi, disse que foi pego de surpresa. "Eu estava nas montanhas quando ouvi um estampido e vi fumaça antes da terra deslizar. Nós corremos para longe do local deixamos muitas pessoas e animais atrás de nós. Quando voltamos, todos tinham desaparecido", disse.
Deslizamentos de terra provocados por tempestades são comuns em Uganda, mas raramente com um número de vítimas tão alto. Em 2007, uma tragédia semelhante deixou 2 mil pessoas desabrigadas e 50 mil dependentes de ajuda humanitária externa, nas piores chuvas em 35 anos.
Diversas zonas do país vêm sendo atingidas por fortes chuvas nos últimos dois meses. No Quênia, país vizinho a Uganda, as chuvas também têm sido fortes e persistentes nos meses que, antes, eram intercalados por uma curta janela de estiagem que caracterizava a temporada de chuvas.
A Cruz Vermelha informou ter enviado hoje uma equipe de médicos e uma quantidade não especificada de alimentos para as regiões afetadas.