O desmatamento da Amazônia, que este ano teve uma baixa histórica, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), deve crescer novamente quando os preços das commodities voltarem a subir, afirma Daniel Nepstad, pesquisador do Woods Hole Research Center, nos EUA. "É um dragão adormecido", diz.

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Nepstad vê como inevitável que a pressão sobre floresta ressurja quando a economia global retomar o crescimento. "Então, o desmatamento pode voltar a explodir". Ele cita como exemplo projeções de que a demanda por ração animal – que provém, em parte, da soja – na China deve crescer mais de 100% nos próximos dez anos e que o Brasil deve ser um dos maiores fornecedores de matéria-prima para esse alimento.

O cientista americano é um dos autores da pesquisa publicada nesta sexta-feira (4) na revista "Science", que conclui que o Brasil necessita entre US$ 6,5 bilhões e US$ 18 bilhões para eliminar definitivamente o desmatamento da região amazônica até 2020.Com isso, o estudo defende uma meta ainda além dos 80% de redução da devastação que o governo do Brasil vai apresentar na COP 15.

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De acordo com a pesquisa, se o país pusesse fim ao desmatamento, as emissões globais de dióxido de carbono cairiam entre 2% e 5% em relação aos níveis atuais.

"Começamos a perceber que se a Amazônia era parte do problema das emissões de carbono, também poderia ser parte da solução", explica Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), outro autor do trabalho e que, junto com Nepstad, apresentou suas conclusões na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, nesta segunda-feira (7).

Eles defendem que o Brasil deve aproveitar o momento de redução do desmatamento para acabar de vez com o problema. O dinheiro para tomar as medidas necessárias sairia de mecanismos internacionais de financiamento, um dos pontos centrais das discussões durante a conferência climática.