Homem é carregado por companheiros de protesto na praça Ramsés, no Cairo| Foto: Reuters/Amr Abdallah Dalsh
Manifestante é socorrido do lado de fora da mesquisa Al-Fath, no Cairo
Homem ferido é carregado de moto para o socorro por manifestantes
Manifestante mostra o seu
Homens tentam fugir da repressão policial na praça Ramsés, no Cairo
Forças de segurança do país prometeram reagir com armamento letal caso haja depredação de prédios públicos
Mulher socorre manifestante que foi atingido por gás lacrimogêneo
Helicóptero militar sobrevoa o Cairo enquanto nuvem negra toma conta do céu
Manifestantes pró-Mursi protestam do lado de fora da mesquisa de Al-Fath, na praça Ramsis, no Cairo
Partidários de Mursi protestam perto da mesquita de Ennour, no Cairo
Soldados egípcios guardam a sede da TV estatal, no Cairo
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Milhares de partidários do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi saíram às ruas, nesta sexta-feira, pedindo um "Dia de Ira" para denunciar a ofensiva desta semana das forças de segurança contra manifestantes da Irmandade Muçulmana, em que centenas de pessoas morreram.

O Exército destacou dezenas de veículos blindados nas principais ruas do Cairo, e o Ministério do Interior disse que a polícia usaria munição letal contra qualquer ameaça a instalações governamentais.

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Segundo uma testemunha, 27 pessoas morreram nos protestos no Cairo nesta sexta. Os corpos foram colocados em uma mesquita perto do local dos protestos na Praça Ramsés. Os corpos possuíam marcas de tiros, disse a testemunha. Um policial também foi morto, segundo a agência de notícias estatal Mena.

Fontes médicas disseram que mais quatro manifestantes morreram em confrontos na cidade de Ismailia, no nordeste, e houve uma morte relatada também na cidade portuária de Damietta. Também houve relatos de violência na segunda maior cidade do Egito, Alexandria, e em Tanta, no delta do rio Nilo.

Profundamente polarizado após meses de turbulência política, o Egito está à beira de um abismo. Os apoiadores islâmicos de Mursi se recusam a aceitar a deposição do presidente pelas forças de segurança, ocorrida em 3 de julho após protestos contra o governo marcado por problemas.

Os manifestantes exigem a demissão do comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, e a reintegração do primeiro presidente livremente eleito do Egito, que está detido e não é visto em público desde sua queda.

Tentando acabar com a crise, a polícia invadiu na quarta-feira dois acampamentos de protesto no Cairo criados pela Irmandade Muçulmana. O Ministério da Saúde disse que pelo menos 578 pessoas morreram no ataque, mas a Irmandade diz que houve milhares de mortos.

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"Mais cedo ou mais tarde eu vou morrer. Melhor morrer por meus direitos do que na minha cama. Armas não nos assustam mais", disse Sara Ahmed, de 28 anos, gerente de negócios que juntou-se a uma marcha de milhares de manifestantes no Cairo.

"Não é sobre a Irmandade, é sobre os direitos humanos", disse Ahmed, uma das poucas mulheres que não usavam o véu.

Milhares de apoiadores de Mursi também reuniram-se na praça Ramsés, no centro de Cairo. Quando um helicóptero militar sobrevoou a área, manifestantes ergueram seus sapatos gritando "Vamos derrubar Sisi" e "Saia, saia, seu traidor".

Sinalizando o descontentamento dos EUA com o pior derramamento de sangue no Egito em gerações, o presidente Barack Obama disse na quinta-feira que não poderia continuar a cooperação normal com o Cairo e anunciou o cancelamento de exercícios militares com o Egito no próximo mês.

A Irmandade Muçulmana acusa as Forças Armadas de terem realizado um golpe para derrubar Mursi. Ativistas liberais e jovens que apoiaram os militares viram a medida como uma resposta positiva às demandas públicas.

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Mas alguns agora temem que o Egito esteja voltando a viver o tipo de estado policial que sustentou o regime de 30 anos de Hosni Mubarak até de sua queda em uma revolta popular em 2011, à medida que as instituições de segurança recuperam a confiança e reafirmam seu controle.