Depois de duas semanas do lançamento da operação Limite Protetor, em 8 de julho, tanto Israel como a Faixa de Gaza registraram o maior número de mortes. Neste domingo, 13 soldados israelenses e 96 palestinos foram mortos, aumentando o cenário de destruição na região. Segundo o Exército de Israel, dois dos militares da Brigada Golani mortos eram cidadãos americanos.
Esse é o maior número de baixas registrado em anos pelo Estado judeu em um único dia de batalha. A marca total de soldados mortos desde o início da ofensiva chega a 18 e já supera a da última incursão terrestre em Gaza, quando 10 soldados morreram no total.
Na Faixa de Gaza, milhares de moradores deixaram suas casas em uma tentativa desesperada de fuga e descreveram a ofensiva israelense como um "massacre". Após pedidos da Cruz Vermelha, Israel concordou em um cessar-fogo humanitário de duas horas na área, para a evacuação de feridos e civis. No entanto, bombas lançadas pelo Hamas contra o exército fizeram a trégua durar menos de uma hora. Insurgentes disseram ter emboscado tropas israelenses e detonado explosivos perto de seu veículo em território palestino.
Shejaia é considerado por Israel um centro da atividade terrorista na Faixa de Gaza e uma via essencial para chegar até a cidade de Gaza. Para isso, os militares israelenses utilizaram tanques e tropas durante a noite, após demolir cerca de quinze túneis do Hamas. Pelo menos 26 soldados feridos foram enviados para hospitais.
O chefe do Exército israelense, Benny Gantz, declarou que algumas das áreas em Gaza são difíceis, mas ressaltou que as Forças Armadas estão determinadas a cumprir a missão. O oficial afirmou ainda que, apesar da complexidade da operação, está certo de seu sucesso.
"Há vítimas em uma luta, mas nós temos uma missão", disse Gantz em uma coletiva de imprensa, na fronteira de Gaza, acrescentando que lamenta ver criança e mulheres entre os feridos.
Somente neste domingo, 96 palestinos teriam morrido na ofensiva. O número de palestinos mortos já passa de 430 e, segundo a Organização das Nações Unidas, a maioria é de civis. A ONU informou que 60 mil pessoas haviam procurado refúgio em 49 de seus abrigos na Faixa de Gaza.
Por causa dos bombardeios, as ambulâncias foram incapazes de chegar ao local, cerca de três quilômetros de distância da Cidade de Gaza. Testemunhas relataram terem ouvido tiroteios nas ruas de Gaza. Questionado sobre o ataque a Shejaia, um porta-voz militar israelense afirmou que Israel alertou os moradores para que deixassem a área:
"Há dois dias, os moradores de Shejaia receberam mensagens gravadas para evacuar a área, a fim de proteger as suas vidas", afirmou o porta-voz.
De acordo com Israel, o Hamas incitou as pessoas a não abandonarem suas casas. Um ataque aéreo na casa de Khalil al-Hayya, um alto funcionário do Hamas, matou seu filho, sua nora e dois netos, segundo funcionários de um hospital local.
Crise em debate na ONU
O encontro marcado entre o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, deve acontecer nas próximas horas, em Doha, no Qatar. Abbas condenou a expansão da ofensiva na região e descreveu o ataque como "o novo massacre cometido pelo governo israelense em Shejaia".
Na semana passada, o Hamas rejeitou a trégua sugerida pelo Egito, insistindo sobre as garantias para acabar com as sanções israelenses e egípcias e com o bloqueio das fronteias de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, que voou para Israel depois de reuniões no Egito e na Jordânia, disse no sábado que os esforços para garantir um cessar-fogo fracassaram.
"Infelizmente, posso dizer que a chamada para um cessar-fogo não foi ouvido, e, pelo contrário, há um risco de mais mortes de civis que nos preocupa", afirmou Fabius após reunião com o primeiro-ministro israelense, Binjamin Netanyahu.
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