Em meio à crise da Síria, às revoltas populares em vários países de maioria muçulmana e aos ataques a representações diplomáticas norte-americanas e de aliados, a presidente Dilma Rousseff condenou nesta terça-feira (2) a violência e o preconceito contra o islamismo e os Estados Unidos. Ao discursar na 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo América do Sul - Países Árabes (Aspa), ela criticou qualquer possibilidade de intervenção militar externa nos países em conflito. As informações são da Agência Brasil.

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"[A solução] só poderá ser encontrada por eles próprios [os países em conflitos]. Sabemos que o caminho desses países passa por eles'', disse a presidente, em defesa da busca pelo diálogo e uma alternativa negociada. Dilma reiterou ainda que as manifestações na Primavera Árabe refletem os desejos universais.

"O mundo árabe vive profundas mudanças, que exprimem anseios universais, como [o desejo de] justiça social e liberdade'', disse a presidente, lembrando que a história recente na América do Sul mostra que os países da região também viveram "processos semelhantes e luta política e inclusão social''.

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Como na 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Dilma criticou a onda de violência na Síria, que completa 19 meses, e cobrou do governo do presidente do país, Bashar Assad, e da oposição providências. Para ela, todos têm responsabilidades. "Estamos conscientes que a maior responsabilidade recai sobre o governo de Damasco. Mas sabemos também das responsabilidades das oposições armadas, que contam com o apoio militar e logístico estrangeiro'', disse.

Ao mencionar os episódios recentes de violência religiosa envolvendo muçulmanos e ataques a representações diplomáticas norte-americanas e de aliados, a presidente disse que o Brasil repudia a intolerância. Nos últimos dias, várias representações diplomáticas foram atacadas por muçulmanos indignados com o filme anti-Islã, produzido nos Estados Unidos.

"Repudiamos todas as formas de intolerância religiosa, todas as manifestações de islamofobia'', disse a presidente. Ela lembrou que o repúdio também é válido contra os ataques a representações norte-americanas, alemãs e britânicas.

Irã

A presidente apelou para que o programa nuclear do Irã tenha fins pacíficos e não de produção de armas. Segundo ela, se for comprovada, a produção de armas pelo iranianos deve ser interpretada como "violação'' às resoluções da ONU e com "gravíssimas consequências para a humanidade''.

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Para a comunidade internacional, o programa nuclear do Irã é uma ameaça ao mundo porque há o enriquecimento do urânio para fins não pacíficos. As autoridades iranianas negam irregularidades e informam que não há produção de armas no país. No entanto, o Irã é alvo de uma série de sanções econômicas, comerciais e financeiras.

A Agência Internacional de Energia Nuclear, órgão ligado às Nações Unidas, critica as dificuldades de fiscalização das usinas e do programa nuclear iraniano. Porém, está em curso uma articulação para que um grupo de inspetores verifique as instalações nucleares iranianas nos próximos meses.Dilma defendeu a criação de uma área de livre de armas nucleares. "[O Brasil] apoia uma iniciativa para uma zona livre de armas de destruição no Oriente Médio'', disse a presidente, lembrando o ideal é a busca de soluções por meio do diálogo e da paz.