Pelo menos quatro jornais libaneses ganharam na segunda-feira um anúncio bem insólito: “Não venham para a Dinamarca”. Com versões em árabe e inglês, o Ministério da Imigração, Integração e Habitação da Dinamarca publicou o texto em publicações do país vizinho, listando diversos fatores que tornam o país um destino indesejável para refugiados. Dentre eles, uma recente legislação que irá reduzir pela metade os benefícios sociais aos requerentes de asilo.
Enfático, o anúncio ainda deixa claro que para ganhar residência permanente no país é preciso aprender dinamarquês.
O país vem adotando uma postura mais rígida em relação aos imigrantes desde junho, quando o Partido Liberal (DDP), de centro-direita, formou um governo de minoria — legenda com agenda clara anti-imigração. No mês passado, um político do DDP chegou a dizer que o governo deveria intervir para regular a língua, advertindo que o idioma falado por imigrantes em restaurantes fast-food “estava se espalhando”.
- Venezuela se oferece para receber 20 mil refugiados sírios
- Refugiado fotografado em Kos com filhos conseguiu chegar à Alemanha
- Alemanha e Suécia concordam que uma divisão justa dos refugiados é necessária
- Espanha volta atrás e diz que acolherá todos os refugiados propostos pela UE
- Canção antinazismo de 1993 volta às paradas alemãs em apoio aos refugiados
Nesta terça-feira, após uma reunião de emergência, o premier Lars Lokke Rasmussen lembrou que as cerca de 800 pessoas que chegaram no fim de semana ao país deveriam encontrar abrigo por contra própria para esperar a transferência para a Suécia. Canais de TV mostraram de centenas de refugiados embarcando em trens com destino à Copenhague — de onde podem chegar à Suécia em 35 minutos. Alguns, faziam o trajeto a pé.
Nem todos, no entanto, aprovam a postura do governo, inclusive membros do Partido Liberal.
— Estou muito decepcionado. É uma forma repulsiva de agir — disse Michael Gatten, do Conselho Municipal de Copenhague.