Os níveis de dióxido de carbono, o principal gás-estufa emitido pela queima de combustíveis fósseis, atingiram concentrações recordes na atmosfera em 2006, acelerando o aquecimento global, disse na sexta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Mas as concentrações de metano, o segundo gás-estufa mais importante, caíram, numa indicação de que o permafrost (terra congelada) siberiano continua congelado, apesar do temor dos cientistas de que a elevação das temperaturas provoquem seu derretimento.
"Em 2006, as concentrações médias globais de dióxido de carbono na atmosfera chegaram aos níveis recordes já registrados", disse a OMM. O dióxido de carbono é o principal gás proveniente de atividades humanas que alimenta o aquecimento global.
De acordo com a OMM, os níveis subiram 0,53 por cento desde 2005, atingindo 381,2 partes por milhão na atmosfera - 36 por cento acima dos níveis de antes da Revolução Industrial, no século 18.
Os níveis de óxido nitroso, o terceiro gás-estufa mais produzido pela queima de combustíveis e por processos industriais, também chegaram ao recorde, subindo 0,25 por cento em 2006. Os níveis estão 19 por cento acima dos de antes da era industrial.
"As taxas de crescimento atmosférico desses gases em 2006 estão em linha com os últimos anos", disse a OMM num relatório. Os gases-estufa são responsabilizados pela elevação das temperaturas, que pode aumentar o nível dos oceanos e causar ondas de calor, secas e enchentes.
Os níveis de metano, gás produzido pela decomposição da vegetação, por cupins, arrozais e pelo processo digestivo das vacas, caíram 0,06 por cento em 2006. Ainda assim, a concentração de metano está 155 por cento maior que antes da Revolução Industrial. Segundo os cientistas, se o permafrost estivesse derretendo, isso apareceria nos níveis de metano.
Segundo a OMM, a importância relativa do dióxido de carbono está aumentando, e o gás contribui para 91 por cento do efeito de aquecimento dos gases-estufa - cinco anos atrás, essa proporção era de 87 por cento.
As emissões de gases responsáveis por destruir a camada de ozônio do planeta também registraram queda em 2006.
Mais de 190 países vão se reunir em Bali, na Indonésia, entre 3 e 14 de dezembro, para tentar dar início a dois anos de negociações a fim de criar um acordo global que substitua o Protocolo de Kyoto, pacto da ONU para conter o aquecimento global que só vigora até 2012.