Fidel Castro continua sendo a força política que controla Cuba, apesar de ter se afastado formalmente do governo por problemas de saúde, disse nesta quarta-feira um importante diplomata norte-americano.
"(Fidel) Castro não continua no comando do governo... Mas é evidente, e tem sido evidente por um tempo, que Fidel Castro segue como a presença política que define os parâmetros do governo de Cuba", explicou Thomas Shannon, o principal diplomata norte-americano para a América Latina, durante o Reuters Latin American Investment Summit.
Fidel Castro, 80 anos, passou o poder a seu irmão Raúl no ano passado para se submeter a uma cirurgia intestinal e sua saúde é tratada como segredo de Estado em Cuba.
"Uma coisa que notamos durante o período de transferência do poder é que a repressão aumentou e vemos isso como parte do processo de transferência (do poder)", ressaltou Shannon.
Segundo o diplomata, o momento é difícil para os dissidentes cubanos em Cuba porque eles não sabem que rumo o governo tomará no futuro e se será dada a eles a possibilidade de dialogar com os novos dirigentes na ilha caribenha.
Cuba e Estados Unidos travam uma guerra ideológica há quase meio século. Washington mantém um embargo comercial sobre a ilha há mais de quatro décadas, o que Cuba considera um "bloqueio" que tem freado seu desenvolvimento econômico.
Shannon reforçou a importância de Cuba liberar seus presos políticos para que ocorra uma mudança política.
"Os cubanos terão que parar de usar suas forças de segurança como gerentes do dissenso. Eles terão que encontrar uma maneira, como sociedade, de gerenciar esse dissentimento", completou.
Segundo grupos cubanos de direitos humanos, no final de 2006 havia 283 presos políticos em Cuba, cujo governo os considera "mercenários" a serviço de Washington.
Shannon disse que os Estados Unidos estão observando a situação na ilha. "Qualquer passo positivo seria bem-vindo (...) À medida que os cubanos mostram uma disposição para adotar passos positivos, nós responderemos a isso", acrescentou.