O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, pediu às pessoas por todo o mundo que se unam a ele em um dia de jejum. Segundo Diouf, o gesto pretende chamar a atenção para o sofrimento dos desnutridos, que já passam de um bilhão por causa da crise econômica global.

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O diretor-geral da FAO disse nesta quarta-feira esperar que isso encoraje ações de líderes globais, que participarão de um encontro de três dias na sede da agência a partir de segunda-feira. Ao apresentar os objetivos do encontro à imprensa, Diouf convocou "um dia global de greve de fome", para mostrar solidariedade aos famintos de todo mundo.

Diouf disse que ele começará o jejum de 24 horas na manhã de sábado. A agência também lançou um abaixoassinado virtual contra a fome.

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A instituição sediada em Roma anunciou mais cedo neste ano que a fome afeta agora um recorde de 1,02 bilhão de pessoas - um em cada seis seres humanos em todo mundo. A crise financeira, os altos preços dos alimentos, secas e guerras são apontados como culpados pelo problema.

Diouf elogiou países como Brasil, Nigéria e Vietnã, que segundo ele têm investido nos pequenos proprietários e nos pobres do campo em geral, revertendo a tendência de fome. Ele disse que essas nações fazem parte de um grupo de 31 países que estão no caminho certo para cumprir as metas estabelecidas por líderes mundiais há nove anos, de cortar pela metade o número de famintos até 2015. "Erradicar a fome não é um sonho impossível", ressaltou Diouf. "A batalha contra a fome pode ser ganha."

A FAO prevê que a produção global de comida terá que crescer em 70%, para alimentar a população mundial em 2050, que deve ser de 9,1 bilhões. Para isso, os países pobres precisarão de US$ 44 bilhões em auxílio anual para a agricultura, ante US$ 7,9 bilhões fornecidos hoje. O dinheiro deve ser usado para sistemas de irrigação, maquinário mais moderno, sementes e fertilizantes, além de rodovias e treinamento de pessoal.

Desnutrição infantil

Mais da metade das crianças cronicamente desnutridas no mundo, abaixo da idade de 5 anos, vivem no Sul da Ásia, de acordo com relatório das Nações Unidas divulgado na Índia nesta quarta-feira.

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Crianças cronicamente desnutridas são mais frágeis e propensas a sofrer infecções sérias e morrer, além de doenças comuns como diarreia, pneumonia e malária, informou o relatório do Fundo de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês).

A desnutrição prejudica a habilidade de aprendizagem das crianças e leva a um baixo quociente de inteligência (QI), disse o relatório.

Mais de 40% das crianças abaixo de 5 anos estão desnutridas no Afeganistão, Nepal, Índia, Bangladesh e Paquistão, os cinco países mais atingidos pelo problema, disse a Unicef.

Cerca de 83 milhões de crianças com menos de 5 anos nesses países não recebem alimentos suficientes, enquanto no resto do mundo 72 milhões de crianças estão desnutridas.

"O paradoxo do Sul da Ásia é que apesar dos níveis saudáveis de crescimento econômico na maioria dos países, a desnutrição crônica permanece persistente e inaceitavelmente alta", disse o diretor regional da Unicef para o Sul da Ásia, Daniel Toole.

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"Sem um investimento estratégico na nutrição, o crescimento econômico sozinho não pode e não será capaz de fazer a diferença", alerta Toole.

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