75 mil empregos foram eliminados em 1989 em Dresden, mas a prefeitura persuadiu novos empregadores a abrirem fábricas na cidade.
Na cidade alemã de Dresden, o tocador de trompeta Ludwig Guettler tem orgulho das torres da igreja barroca Frauenkirche, reconstruída das ruínas da Segunda Guerra Mundial, e vê nelas um símbolo da economia e da vida cultural vibrantes do local.
A 440 quilômetros dali, em Dortmund, Ilse-Margarete Bonke tenta salvar sua cidade decadente das drogas ao recolher agulhas de heroína das ruas, mas é impedida por crianças que espiam seu trabalho, puxam seus cabelos encaracolados ou cospem em seu rosto. As duas cidades seguem destinos opostos desde a queda do muro de Berlim, há 25 anos, com Dresden se tornando um ímã para empresas de alta tecnologia e um centro cultural, e Dortmund atolando em uma profunda depressão econômica.
O que pode parecer surpreendente nisso tudo é que Dresden faz parte do antigo leste comunista e Dortmund chegou a ser um símbolo do poder econômico do oeste capitalista.
No geral, o oeste da Alemanha segue mais próspero que o leste. Nesta região, o desemprego é mais alto, a renda disponível é menor e a população é mais velha, já que os jovens vão para o oeste em busca de melhores oportunidades.
Mas o leste vem correndo atrás e em alguns casos chegou a inverter o seu destino. Isso ocorre principalmente devido às "taxas de solidariedade" obrigatórias instituídas após a reunificação, para ajudar a elevar o padrão de vida da antiga Alemanha Oriental.
Polêmicos
Os pagamentos, no entanto, estão se tornando cada vez mais polêmicos na medida em que porções do oeste da Alemanha entram em declínio.
Em Dresden, uma das maiores cidades da antiga Alemanha Oriental com seus 530 mil habitantes, a economia está acelerando e as universidades estão atraindo estudantes.
O desemprego está na faixa dos 8%, comparado com uma média de 9% da Alemanha Oriental. A cidade também está sem dívidas desde 2006.
"Dresden é um exemplo primoroso de uma transformação estrutural bem feita", afirma o vice-prefeito Dirk Hilbert.
Região oriental recebeu 2 tri de euros
Desde a reunificação, entre 1,5 a 2 trilhões de euros foram injetados na ex-região comunista para transformar fazendas coletivas e fábricas geridas pelo governo em negócios capitalistas competitivos. A maior parte do dinheiro veio dos cidadãos, cidades e estados do lado oeste da Alemanha. Os subsídios foram importantes para o renascimento da cidade, disse o vice-prefeito de Dresden, Dirk Hilbert, mas não foram tudo. No leste foram feitas privatizações de propriedades municipais, cortes de mais de mil funcionários municipais e reduções nos benefícios sociais.
Já Dortmund, antiga potência industrial no vale de Ruhr, tem uma taxa de desemprego de 12,4%, quase o dobro da média nacional, e milhões de euros em dívidas. A cidade fica em uma região que já foi famosa por suas minas de carvão, produção de aço e cervejarias, mas que perdeu milhares de empregos desde que o muro caiu, ainda que o declínio tenha começado antes do fim do comunismo.
Ao contrário de Dresden, o município ainda luta para recuperar seus empregos no setor industrial atraindo novos empregadores. "No começo, os subsídios para o leste da Alemanha eram necessários e conseguiram fazer com que essas cidades ficassem muito bonitas com todo esse dinheiro", afirma o prefeito de Dortmund, Ulrich Sierau. "Mas é injusto que elas continuem recebendo transferências enquanto muitas cidades no oeste têm problemas maiores e preocupações financeiras."