O dissidente cubano Guillermo Fariñas, debilitado depois de passar 34 dias em greve de fome, rejeitou nesta segunda-feira uma oferta do governo espanhol de envio de um avião para levá-lo à Espanha e evitar uma morte que poderia piorar as relações tensas da ilha com a comunidade internacional.
Essa é a terceira proposta do tipo feita este mês pelo governo socialista de José Luis Rodríguez Zapatero, disse à Reuters a mãe de Fariñas. E é a terceira vez que o dissidente a rejeita.
"Disse que agradecia a oferta (...) mas que não queria ir para a Espanha exilado", comentou Alicia Hernández por telefone. Ela estava no quarto de um hospital onde permanece seu filho na cidade de Santa Clara, a 270 quilômetros a leste de Havana.
Fariñas, um ex-militar e psicólogo de 48 anos, começou a greve no dia 24 de fevereiro para exigir a libertação de 26 presos políticos doentes.
Seu protesto começou depois da morte do preso político Orlando Zapata devido a uma greve de fome que durou 85 dias, um incidente duramente criticado por Europa e Estados Unidos.
A embaixada da Espanha em Havana não quis comentar a oferta do governo espanhol.
Mas, segundo Alicia, um conselheiro da embaixada ligou para ela no domingo para lhe oferecer o envio de um avião ambulância para trasladar seu filho à Espanha.
Fariñas perdeu cerca de 13 quilos desde que começou a greve. Está internado desde que sofreu uma recaída no dia 11 de março.
Cuba recebeu críticas depois da morte em fevereiro de Zapata e devido à perseguição ao grupo dissidente Damas de Branco, que o presidente norte-americano, Barack Obama, descreveu na semana passada como algo "profundamente perturbador".
O governo alega que Zapata era só um delinquente comum e que a repercussão de sua morte faz parte de uma "campanha internacional", na qual Fariñas seria apenas o último episódio.
CRÍTICAS À OFERTA ESPANHOLA
Para Elizardo Sánchez, da ilegal mas tolerada Comissão Cubana de Direitos Humanos, a oferta da Espanha não soluciona o problema de fundo: a piora da saúde de dezenas de presos políticos.
"Ele não aceita essa fórmula (oferta espanhola), porque é trocar um protesto pacífico pelo desterro, que é como uma condenação", acrescentou.
A Espanha, ao contrário de outras nações da União Europeia, considera que o diálogo político com Cuba ajudaria a fomentar mudanças na ilha.