O esquadrão anti-terror do governo indiano divulgou, nesta quinta-feira, os nomes e as fotografias de dois suspeitos de envolvimento no ataque à malha ferroviária de Mumbai que deixou mais de 190 mortos e centenas de feridos na última terça-feira. Trata-se de Sayyad Zabiuddin e Zulfeqar Fayyaz, dois jovens cujas nacionalidades ainda não foram divulgadas.
A polícia indiana já interrogou mais de 250 pessoas e deteve de cerca de 20 supostos envolvidos com os ataques de terça-feira. Retratos falados de três suspeitos vistos nos locais dos ataques também teriam sido preparados.
- Interrogamos entre 250 e 300 pessoas nestes dois dias como parte das investigações - disse o chefe da polícia de Mumbai, A.N. Roy. - Pessoas foram detidas em vários lugares.
Segundo a televisão local, muitas pessoas foram tiradas de hotéis e hospedarias da cidade.
A polícia indiana também investiga a alegação de que a Al-Qaeda teria feito os atentados de Mumbai. Nesta quinta-feira, um homem se dizendo representante da rede terrorista afirmou, em um telefonema parauma agência de notícias da Cachemira, que uma unidade da Al Qaeda teria sido estabelecida na Cachemira e em Jammu.
"Devemos divulgar declarações regularmente e logo anunciaremos nossas metas e nossos objetivos", disse ele, que se identificou como Abu-al-Hadeed.
Ele falou em urdu, língua usada pela maioria dos muçulmanos na Índia, apesar de seu nome ser árabe. As autoridades estão tentando rastrear a origem da ligação.
Nenhum grupo islâmico que luta contra a dominação indiana na região assumiu a autoria do atentado.
Canais de TV indianos, citando fontes do Ministério do Interior, disseram que os ataques foram realizados em conjunto pelo Lashkar-e-Taiba, que tem base no Paquistão, e pelo Movimento dos Estudantes Islâmicos da Índia, proibido de atuar desde 2001, por ter supostamente tentado provocar conflitos religiosos por causa da guerra ao terrorismo liderada pelos EUA.
O Lashkar negou envolvimento no que chamou de "atos desumanos e de barbárie".O grupo também é apontado por autoridades como responsável pelas explosões em Nova Délhi no mês de outubro que mataram mais de 60 pessoas.
Especialistas em explosivos estão estudando os destroços em busca de pistas que esclareçam em que circunstâncias se deram as explosões. Autoridades sugerem que podem ter sido usados cronômetros eletrônicos para detonar as explosivos.
"Só podemos ter certeza depois dos resultados dos exames balísticos, mas por enquanto parece que foram usados cronômetros eletrônicos simples", disse uma fonte da polícia.
Na quinta-feira, quatro jovens foram entregues à polícia por uma multidão em uma estação de trem de Mumbai, devido a comportamento suspeito. A polícia disse que os homens tentaram jogar suas sacolas ao serem confrontados por passageiros e que estão sendo interrogados.
Nesta quinta-feira as ações indianas não foram afetadas, caindo um pouco nos mercados asiáticos depois de ganho de quase três por cento na quarta-feira.
A mídia pediu para a Índia aumentar a pressão sobre o Paquistão, acusado de apoiar militantes.
"Há uma necessidade de dizer aos amigos na guerra contra o terror que algo precisa ser feito com urgência sobre a fábrica de jihad no vizinho", disse o jornal Hindustan Times.
A violência continuou na Cachemira Indiana, onde quatro hindus foram mortos a tiros por supostos militantes islâmicos na noite de quarta-feira.
Os ataques de terça-feira aconteceram em horário de pico em trens e estações em um espaço de 11 minutos. Mais de 700 pessoas ficaram feridas. A polícia disse que 158 dos 186 mortos já foram identificados.
O sistema ferroviário de passageiros de Mumbai é dos mais movimentados do mundo. Os subúrbios da zona oeste da cidade são ligados às áreas financeiras e de escritórios do centro através de uma extensa malha ferroviária.
A metrópole, que tem 17 milhões de habitantes (a sexta maior aglomeração humana do mundo), foi atingida por uma série de explosões de bombas na última década. Em 1993, mais de 250 pessoas morreram uma onda de explosões atribuída por autoridades a gangues criminosas.
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