A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse neste sábado (27) que está recebendo perguntas de doadores e organizações com as quais colabora sobre os requerimentos para acelerar o uso do tratamento experimental contra o ebola baseado no sangue de pacientes que se recuperaram.
Os interessados em financiar esta forma de tratamento -utilizada em estrangeiros e em alguns poucos trabalhadores da área da saúde locais que se contagiaram- desejam conhecer as necessidades em termos de pessoal e de formação que requerem, assim como de equipamentos e provisões, e o quanto isso custaria.
Os anticorpos presentes no sangue de alguém que conseguiu se curar do ebola servem para que um doente lute contra o letal vírus.
A diretora geral adjunta da OMS, Marie-Paule Kieny, explicou hoje que os tratamentos baseados no sangue do convalescente (plasma ou soro sanguíneo) estão gerando "entusiasmo".
Por um lado, a diretora apontou que é porque são métodos que estão disponíveis de maneira relativamente fácil e, por outro, porque os países afetados "não têm que esperar que alguém fabrique os remédios", o que depende das companhias farmacêuticas e laboratórios.
Kieny lembrou que o soro sanguíneo é utilizado em outros tratamentos, além do ebola, "com um registro de segurança que, a princípio, é muito bom".
"A transfusão e a inoculação de soro (sanguíneo) são reconhecidos como tratamentos seguros, mas não sabemos se será efetivo -no caso concreto do ebola- porque não há suficiente gente que tenha provado este método", explicou.
A OMS disse que já em meados dos anos 90 houve uma experiência de transfusão de sangue em oito doentes de ebola, dos quais sete sobreviveram, mas que ao não ter existido um "grupo de controle", não há segurança de que a recuperação foi totalmene ou parcialmente derivada do tratamento.
Do surto atual, a entidade conta com informações sobre de casos de infectados que se recuperaram, mas aos quais não foi somente administrado o plasma, mas também algum fármaco experimental e que, além disso, receberam atendimento médico altamente especializado, o que também pôde ter sido fundamental para sua sobrevivência.
Kieny reconheceu que o uso do sangue como tratamento é uma questão delicada em países onde os sistemas de saúde funcionam precariamente, por isso é preciso prestar grande uma atenção para que os doadores passem pelos testes sanguíneos necessários.
Isso serve para garantir que o vírus ebola já não está em seu organismo, além de descartar a presença de outras doenças.
A OMS favorece, em todo caso, a transfusão de plasma ou soro sanguíneo.
Kieny confirmou que são espeados para antes do fim deste ano os resultados de duas vacinas contra o ebola que sendo desenvolvidas pelas companhias GlaxoSmithKline (GSK) e NewLink Genetic.
A primeira está realizando atualmente testes nos Estados Unidos, Reino Unido e na próxima semana, começará a realizar os testes no Mali. A GSK acredita que poderá produzir cerca de 10 mil doses para o início de 2015.
Por sua vez, os testes da NewLink Genétic ocorrem nos Estados Unidos e em breve na Alemanha.
"Esperamos o resultado das vacinas para antes do fim de ano, se tudo correr como o esperado, e começar a utilizá-las em países afetados a partir de janeiro", declarou a representante da OMS.
Kieny esclareceu, no entanto, que não está sendo planejada nenhuma vacinação em massa.
Quando uma ou as duas vacinas experimentais estiverem disponíveis, a prioridade será para os agentes de saúde e médicos que atende os doentes de ebola, assim como para os contatos destes em suas comunidades.
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