Relatório do serviço de inteligência do Departamento de Estado dos EUA datado do dia 19 de julho de 1976 e intitulado "América do Sul: Práticas de Segurança no Cone Sul" mostra que a participação do regime militar brasileiro na Operação Condor foi além do simples fornecimento de informações.

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Segundo o documento, entregue nesta quarta-feira (6) pelo analista americano Peter Kornbluh aos procuradores federais Marlon Weichert e Eugênia Fávero, o governo brasileiro tinha um acordo com a ditadura argentina para caçar a eliminar vítimas de perseguição política. O acordo previa inclusive a possibilidade de atuação dos militares dos dois países além das fronteiras.

"Uma fonte confiável brasileira relatou um acordo entre Brasil e Argentina pelo qual os dois países se comprometem a caçar e eliminar terroristas que tentem fugir pela fronteira. As unidades militares militares de Brasil e Argentina alegam ter operado em conjunto além da fronteira, quando necessário", diz o documento identificado pelo código 1976STATE178852.

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O relatório, que só agora, 32 anos depois, veio à tona, foi distribuído para todas as embaixadas americanas no continente americano além das representações em Lisboa, Oslo, Paris e Estocolmo. Um dos temas é "recentes ataques a esquerdistas exilados na Argentina aumentam questões sobre as práticas de segurança nas nações do Cone Sul" e cita a existência de pelo menos mil exilados chilenos, fugidos da ditadura de Augusto Pinochet e outros 400 militantes de esquerda escondidos na Argentina.

Segundo o relatório, o fato de que todos os governos da região eram comandados por militares conservadores indica que o fato não estava restrito às fronteiras argentinas. Outros dois documentos inéditos também foram apresentados.

- Estes documentos desmentem a versão oficial de que o Brasil teve uma atuação discreta na Operação Condor. Pela versão oficial o Brasil apenas passava informações - disse Marlon Weichert.

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