Uma grande empresa de armas ocidental estava atualizando equipamento militar para uma brigada de segurança de elite líbia pouco antes do levante contra Muammar Gaddafi, revelaram documentos que mostram como o Ocidente tentou fomentar laços com ele durante seus últimos anos no poder.
Menos de um mês antes do início da revolta, a filial britânica da General Dynamics, sediada nos EUA, se preparava para melhorar os sistemas de comunicação de tanques, artilharia e blindados de tropas para a Brigada Khamis, que desempenhou um papel central na repressão contra o levante, de acordo com documentos encontrados pela Reuters em uma base da brigada.
A General Dynamics disse que a atualização jamais foi concluída, mas os documentos ilustram em detalhes, pela primeira vez, quais armas estavam envolvidas no acordo e também que a empresa fazia negócios com as forças de Gaddadi na véspera da rebelião.
Mostram ainda que o equipamento pode ter sido incluído no contrato de maio de 2008 da subsidiária britânica com a Líbia --um acordo de 136 milhões de dólares para fornecer um sistema de comunicações táticas e de dados como parte do que foi denominado na ocasião de "iniciativas do Reino Unido para aprimorar os elos econômicos, educacionais e de defesa com a Líbia".
Isto foi depois que Gaddafi, mergulhado em um ostracismo generalizado durante a maior parte de seus quase 42 anos de governo por causa das acusações ocidentais de apoio ao terrorismo, abandonou seu programa de armas de destruição em massa em 2003, devolvendo a Líbia ao palco da política internacional.
A Brigada Khamis, liderada por um dos filhos de Gaddadi e batizada com seu nome, era a mais bem equipada das forças de segurança líbias e esteve diretamente envolvida na contenção dos levantes em cidades como Misrata e Trípoli, onde milhares de pessoas foram mortas.
Peter Bouckaert, diretor de emergências da Human Rights Watch, afirmou que as brigadas lideradas por Khamis e Mutassim, outro filho de Gaddafi, se tornaram tão poderosas graças em parte à obtenção de equipamentos de países ocidentais.
"Estas brigadas de elite... tiveram acesso às armas mais modernas", disse Bouckaert. "Documentamos vendas de armas não somente dos suspeitos de sempre, mas também de empresas ocidentais".
"Acho que a lição é que, se você vai vender armas a ditadores, em algum momento vai se ver em situação constrangedora".
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